"NINGUÉM ESTÁ LIVRE DOS DEVANEIOS DE SUA ARTE,
OU DA CHINELADA DA LUCIDEZ ALHEIA." Cleberton O. Garmatz

"Estranhos dias os que vivemos, em que para se destacar em uma área, as pessoas se tornam imbecis nas demais." Cleberton
(Ai dos meus pares, que continuam medíocres em 100% delas...)
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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Enquanto isso, em um distante país tropical...

    Vociferam meus sábios conterrâneos. Política e religião não se discutem. Como nunca fui acusado de inteligente, considero-as irmãs bastardas. Discuto, portanto, alguma coisa de ambas, com meus latidos transcritos. Enfim, em minha via primitiva de esbarrar nas coisas, este campesino exilado desconfia que as atividades políticas, todas elas (as que fedem e as que matam) não escapam de um senso coletivo – esse, notoriamente influenciado pela axiologia religiosa. Por sua vez, um credo para ser efetivo em sua doutrina (ainda segundo ilações do presente abilolado) necessita de alguma praxe secular, o que implica certa ingerência de natureza também politizada.
   

    Parece-me que um medalhão da Filosofia declarou que (voz gutural, seguida de fanfarra): “o homem é um animal político.”  Concordo com o animal. Outros da espécie me perguntam, com certa indignação, as razões do meu repúdio ao Partido dos Trapaceiros – quando não resta nenhum partido honesto neste país.
Sem maiores detalhes (geriatria e zoonoses não são o meu forte), tento esquivar-me das lanças ao alegar que “O Partido” parecia funcionar enquanto apenas almejava o poder para si (mas em nome do povo, sempre). Agindo nos bastidores, fazendo arruaça e abrindo o berreiro quando algo parecia errado demais (como uma superfaturação em que excepcionalmente ficaram de fora). Agora, que A Estrela está na Casa do Baralho há mais de década, com poucos sinais de que deva largar o osso, a esquerda sindicalista conseguiu fazer o impensável: acabou com a oposição. Tudo virou uma negociata só. Único, singular escândalo globalizado, sem vozes dissidentes a exigir condenação generalizada; o último dos vetustos foi desmascarado como velhaco, um populista que “nada sabia” (vejam só...), a contaminar os Três Poderes em nome da sacrossanta “governabilidade”, estruturada por uma infindável malta, ralé, súcia de sacripantas, energúmenos, abjetos lesa-pátrias que se declaravam a solução dos problemas crônicos, ora promovendo a compra oficial de votos (por meio de festejado assistencialismo das bolsas-mendicâncias), com obscena sangria do erário, ao fito de perpetuar uma ditadura branca, maquiada de democracia. A nação dos vagabundos iletrados agradece!

      Acho que, para resumir o boletim de ocorrência, no fim das contas não sou contra o Partido. Só não vou com a cara de quem vota nele.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Pelo direito de criticar (tudo e todos)!

ATENÇÃO, PESSOAS: 
NEM TODA DISCORDÂNCIA É DESRESPEITO!
    Recentemente, o Papa Francisco pronunciou uma declaração à imprensa, que estarreceu e agradou sobejamente aos homossexuais. Segundo suas palavras, não seria ele a criticar os gays que, no seu modo, buscam a Deus.
     Eis um humanismo extremista, que dificilmente seria imaginado na boca de um representante da igreja católica. Carismático e popular, talvez na tentativa de conciliar (ou seria “arrebanhar”?) seculares com essa religião cristã, envolto a diversos movimentos sociais em tempos de globalismo, o líder da maior organização da Terra – em termos numéricos de participantes – deixou passar, s.m.j., cabal ocasião para ser coerente com a história do seu cargo.
     Antes que se pense ser esta uma detração ao catolicismo, chamo ao microfone algumas denominações que se consideram evangélicas, para a responsabilidade a qual, sob formas idênticas, tem sido negligenciada temerária e conjuntamente. Dito isso, aplacai-vos hostes sectárias, pois minha verborragia não possui alvo outro, senão o nosso múnus fraternal da excelência cristã.
    Afinal, reconheçamos, somos todos prejudicados (direta ou indiretamente, alguns mais do que outros) pelos atuais sopros do politicamente correto – quando eufemismos forjam discursos biônicos, expressões levianamente padronizadas em torno de um ideal contraditório e inconsistente, de que “todos têm razão”, “respeite tudo”, “não critique, pois todos têm direito a manifestar sua individualidade”, etc. Na prosa acadêmica, tal democracia áurea parece ser bastante convidativa. Quando ensaiada nas ruas, bem, a coisa pode ser um tanto mais complicada. 
     Sob risco de ser tomadas por obscurantistas, radicais e intransigentes, muitas lideranças tornam-se omissas, preferindo ser “flexíveis”, “abertas ao diálogo”, “boas conviventes com os opostos” a ser tachadas de fanáticas e intolerantes pelo dogmatismo. Insurjo-me! Veemente, eu me insurjo contra essa chantagem sofista, sistemática e hipocritamente imposta aos que creem na verdade bíblica!  Pois nem sempre confrontar ideias, de maneira franca e convicta,  significa desprezar os seus respectivos autores.  E mais, amar o próximo não equivale a aceitar incondicionalmente os seus defeitos, mas implica respeitar sua identidade, com as ressalvas que são inerentes ao direito universal de opinar valores (ademais, quem realmente ama cuida, procura o melhor para o destinatário do seu amor).
       Portanto, qual um Galileu –guardadas as abissais proporções – ao tribunal, não consigo reconhecer como logicamente sustentável esse engodo, a falácia de que discordar de alguém (seja por suas escolhas sexuais ou partidárias) significa militar pelo rebaixamento e ridicularização de sua imagem. Recuso-me a ser conivente com essa invertida caça às bruxas, na qual as pessoas que buscam agir de modo correto, perante os olhos do seu Deus, são oprimidas, alijadas do direito de expressar suas razões pacíficas e de até mesmo professar sua fé, ao fito de não ofender os sentimentos daqueles que não compartilham de seu credo.
       Concordo profundamente com o Papa Francisco, quando diz que não cabe a ele julgar os que estão, em pecado, buscando a Deus. Na verdade, não cabe a nenhum de nós, mortais, tal julgamento. Todavia, em minha crença – e é exatamente ela que estou a defender, como direito de crer em um sistema de normas morais altruístas porém limitadoras do comportamento humano – cabe a mim avaliar, conforme minha consciência e minha fé, se determinada atitude ou conduta é aprovada ou condenada por Aquele que deixou escrita a sua Palavra, claramente, para orientação de todos os que desejam adorá-lo e servi-lo.
       De fato, três das sentenças mais reproduzidas, durante os cultos evangélicos que presenciei em várias denominações, foram “Deus ama os pecadores, mas odeia os seus pecados”, “quem procura contemplar a todos acaba acolhendo o diabo” e “na igreja de Jesus Cristo, entre como você está, mas não saia como você está”.
         Ora, se fosse Deus o absurdo “Deus é Amor (que tudo aceita, pois ama demais as suas criaturas para censurá-las)”, então Jesus Cristo veio nos oferecer perdão pelo quê? Coitado, morreu por vacilo na cruz, não precisava, afinal, ninguém vai parar no inferno... Pelo menos essa deve ser a exegese teológica de “cristãos” pederastas, traficantes, golpistas, etc.
      Está evidente que não se trata de preconceito ou homofobia. Pois se a sociedade moderna quer aceitar como “normal” a homossexualidade, a prostituição, a embriaguez, o tabagismo, a mentira, o aborto, etc., isso é algo que eu não tenho como impedir. Faz parte da cultura, um processo de absorção dos costumes públicos; não depende de mim refrear um senso moral construído coletivamente pelo avançar do tempo. Entrementes, no momento em que se pretende dizer que tal praxe mundana é “aceitável” aos olhos de Jesus Cristo, isto é, que isso tudo é santo segundo as Sagradas Escrituras... Opa, alto lá, devagar com o andor. Estão fazendo um cálculo muito errado na lousa do colégio. Cabe sim, a qualquer cristão crente (que leva a Bíblia a sério) protestar. Do contrário, não demoraria para um grupo simpatizante do adultério e fornicação se levantar contra as recriminações desferidas em púlpito! (O Poder Judiciário pátrio seria soterrado por ações indenizatórias por “adulterofobia”!)
     Acuso, enfim, a relativização perniciosa dos princípios cristãos, de maneira a contaminar até mesmo as lideranças religiosas, ora intimidadas – até pior, convencidas – pelas vozes dos descontentes com a “versão ortodoxa” dos preceitos bíblicos. Deploro, consternadamente (mas não silenciosamente), essa fragilidade, pela falta de coragem em demonstrar o amor divino que acolhe, limpa, trata, corrige e restaura as ovelhas perdidas.  Parece que o homem moderno está se revelando incapaz de aceitar um código imutável, porquanto a ordem mundial é a de que tudo na vida é transitivo, “negociável”... Sim, certamente que este século deseja repaginar, atualizar a edição original da Palavra de Deus. Mas ainda que intente tal abominação, quanto a mim, EU NÃO REJEITAREI JESUS CRISTO EM MINHA VIDA !
                    Cleberton Oliveira Garmatz
"Sede santos, porque eu sou santo." 1 Pedro 1:16
"(...)vai-te, e não peques mais." João 8:11

Curiosidade: sabe qual é o centro exato da Bíblia, o ponto correspondente à metade dos livros nela reunidos? Leia Salmos 118:8

(Após, aproveite para refletir sobre Levítico 18:22 e 20:13; Romanos 1:24-32 e 1 Coríntios 6:9-12.)

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

OS DETALHES, O PEQUENO E O POUCO


Reflita acerca disto: você recusaria ser proprietário(a) de uma cintilante Ferrari, que acaba de sair da fábrica, porque 2% dela são diferentes das demais? Ou então consideraria como inconfiável, um supercomputador que responde corretamente 9.999 de 10.000 perguntas quaisquer?
Quando observo a mim mesmo (nas raras vezes em que consigo estômago), tento disfarçar certo nervosismo, engolindo em seco o breve desespero que me assalta. Minha imperfeição é algo nauseabundo, provocando-me dor, indignação, tristeza e raiva! Ainda que eu ficasse um dia inteiro encerrado no quarto, sem fazer mal algum às pessoas, ao final sentiria uma vergonha esmagadora – pois novamente teria deixado de fazer o bem ao meu alcance. Tenham assim uma vaga noção, apenas, sobre as dimensões do meu desconforto, quando reconheço que TODOS OS DIAS eu deixo de fazer o meu melhor, de ser exemplo motivador aos demais - diariamente eu fracasso, em meu compromisso de praticar aquilo que eu já estou sobrecarregado de teorizar. Enfim... Quando eu sou alvejado pela montanha de incompetência aqui abrigada... Neste desperdício de recursos que leva o meu nome... Caramba, eu realmente fico extasiado, tão somente ao imaginar a felicidade em ser 30% menos tosco. Meu contentamento beira uma fantasia escapista, alienação fugaz que anestesia as mazelas de ser a criatura diante do espelho. Satisfação tão efêmera como um orgasmo memorável. Pois logo sou esbofeteado, achincalhado e esculachado pelo despertar da besta-fera consciência. Ah, o peso de seus vereditos sobre a corcunda de minha parca moral!
Como sou patético... Eu cá me esvurmando a alma, cabelos desgrenhados e expressão grave, para aborrecimento, desdém e sonolência de meus dois ou três leitores. Basta (seu bosta)! Em preito à minha amada plateia de indiferentes, enforco o trololó. Avante, com a devida atenção às excelsas frugalidades do cotidiano, sigamos o protocolo: providencio, finalmente, voz ao leitor, na coerência que poucos lunáticos-de-amarrar ousam nestes dias suspeitos.  Você, querido Tibúrcio/estimada Pafúncia, deve ter respondido negativamente ao questionário que inaugura essa insensatez. Refaço-o, pois, com as alterações (im)pertinentes: E se os 2% da reluzente Ferrari estivessem ocultos? Ainda, nesse caso, tardiamente fossem encontrados no complexo sistema de frenagem do bólido italiano? (...) Quanto ao supercomputador, máquina notável que parece tudo conhecer e não é a minha esposa, bem, que tal supormos que a única pergunta que ela não soube responder de modo escorreito foi... “Você sempre diz a verdade?”
Vamos nos poupar. Talvez essa lenga-lenga seja amordaçada pela obviedade sinótica – tudo isso para lembrarmos que, em muitas ocasiões capitais de nossas vidas, “quase” não é o suficiente. Não importa o quanto tenhamos lutado e progredido. Ao final, de nada adiantará ter sido “quase salvo”, “quase vencedor”, “quase honesto”, “quase sobrevivente”, “quase bíblico”, “quase obediente”, “quase fiel”, “quase santo”.
Observe as pequenas coisas, os detalhes intrigantes em tudo ao nosso redor. Menos de 2% do nosso DNA humano nos separa dos chimpanzés. Somos bilhões de criaturas singulares, todas parecidas e diferentes a um só tempo. Sim, Deus espalhou suas digitais mundo afora, sutilezas que gritam, assinaturas geniais do Incompreensível. E saiba que, em mais vezes do que se imagina, o pouco é decisivo.

(Acordo de madrugada, transpirando e agitado, com o trovão suavemente rompido em minha mente: “Um pouco mais de coragem. Um pouco mais de esforço. Um pouco... Um pouco mais para  não continuar como pouco.”)
CLEBERTON (Xexéu) apoia:   www.mudeumavida.org.br     (filiado aoACTIONAID)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

AS SOLUÇÕES DE DEUS

As Soluções de Deus


Cediço que a influência divina ocorre por diversas vias. Todas elas, frutos de um só moto: o seu amor absurdo por estas criaturinhas desajeitadas. É na tentativa de avaliar um átomo dessa incomensurável convergência, em contrapartida ao problema do sofrimento natural, que procuro expor algumas possibilidades.

Ao perquirir a realidade social em contraste com os Testamentos bíblicos, pelos olhos de um cristão que reconhece as dificuldades da fé racional, faço lembrar que sempre haverá mais espaço para crença pessoal do que para certezas matemáticas. Porém, isso não significa que o vasto campo de tudo aquilo que ainda desconhecemos, cartesianamente, seja desprezado como mera especulação metafísica, por um arrogante positivismo pós-industrial.

Sou explícito, também de antemão, ao registrar que esta é uma singela ponderação em resposta a um livro (de propalado apóstata norte-americano, ex-pastor evangélico e hodiernamente um agnóstico). De fato, concordo que a Bíblia não detém todas as razões a justificar o sofrimento terreno. Nesse viés, atrevo-me a enfatizar algo que há muito persiste em minha jornada de cristão-aprendiz: não há como um livro – ainda que inspirado pelo sopro divino – conter todas as nuances individuais. Toda receita coletiva pode ser, em algumas ocasiões, claudicante por suas próprias restrições de alcance. Cada alma é um microcosmo, um complexo pedacinho do infinito de seu Criador.

Moral, conduta, ética e devoção são bens construídos, inclusive em meio ao sofrimento conjunto, durante séculos de uma pioneira cultura monoteísta - em busca de um relacionamento diuturno com o Autor da vida. Até aí, não me parece existirem grandes celeumas dialéticos. A teologia começa a receber espinafradas, todavia, na diáspora das exegeses, amiúde quando tenta interpretar a bondade divina diante das agruras do mundo. Ou, em palavras mais acadêmicas, a busca por embasamento da teodiceia, a justiça de Deus.

Bom, preliminarmente, não almejo lançar um balde de água gelada nos ânimos dos céticos. A despeito da gravidade do assunto – o sofrimento na condição humana – e de sua quase legitimidade para contestar os preceitos bíblicos (máxime quando nos deparamos com aberrações infernais como o Holocausto, guerras mundiais, chacinas étnicas, violação de crianças, doenças atrozes sem cura, fome, secas, enchentes, etc., a fustigar centenas de milhões de almas sem uma justificativa plausível), tudo poderia acabar com um simples golpe de cutelo na verve filosófica de todo pensador : Deus é o nosso dono!

Por mais grosseira e antidemocrática que possa soar tal premissa, se formos francos ao encalço da identidade divina, infalivelmente descobriremos uma verdade incômoda e desconcertante (todavia, paradoxalmente instigante e libertadora): não temos mais direito de exigir coisa nenhuma do que os animais e as plantas, verbi gratia. Quisesse Deus ser um criador maldoso, que nos gerasse tão somente para se divertir distribuindo recompensas e castigos, ei, aqui entre nós, amigos, ainda assim nada poderíamos fazer além de confirmar sua autoridade! (Talvez isso seja uma axioma cruel, mas não menos verdadeiro que “o temor ao Senhor é o princípio da sabedoria”.)

Contudo, para alívio de uma imensa população de criaturas racionais, Deus não é iracundo ou indiferente ao cotidiano. Empírica e historicamente, Ele se revela magnânimo, tanto, que deu o que tem de mais precioso – a si mesmo, na pessoa do seu Filho que comunga eternamente com sua essência – para o resgate dos que se perdem. E por que se perdem? Justamente, devido àquela que pode ser Sua grande prova de amor atemporal pelo espírito humano: o livre-arbítrio. Palavra tão desdenhada, rechaçada com vigor pelos agnósticos e ateus, contudo, reconheço a minha completa incapacidade de tentar algum descortino, se não incluir esse elemento precípuo e imprescindível da teodiceia.

Pois ninguém é obrigado a amar e servir a Deus (isso não seria amor, uma vez que não haveria chance para escolha e altruísmo). O privilégio dessa servidão é uma concordância, ora madura e consciente, ora um semiatavismo ou instinto do Maior, de maneira a cedermos nossa liberdade - que, naturalmente, nos leva à anarquia e ao sofrimento, por absoluto despreparo de controle da coletividade. Em troca, podemos experimentar de uma confiança e da adoração ao poder universal. Parece-me ter sido esse o cerne da questão com a queda de Lúcifer e do casal no Éden.

Essa é a capitania abjeta, o ó do borogodó da rapaziada vanguardista, refratária a convicções de uma sujeição aos cuidados do Pai - inicialmente descrito de modo um tanto rudimentar e canhestro, todavia mais compreensível na ocasião, pela Antiguidade, na familiaridade de um soberano ciumento, amoroso mas também beligerante, onisciente mas concomitantemente que se arrepende, enfim, um oximoro antropomórfico hábil para instilar a transição da barbárie, nos termos do Antigo Testamento.

Esse livre-arbítrio, em uma concepção menos burilada, aparenta ser um bem incalculável e absoluto da humanidade. A tal ponto de essa desmesurada liberdade cometer novo deicídio, ora no campo moral, pela estapafúrdia abissal de acusar Deus por uma inércia ou não interferência para impedir o sofrimento das pessoas. Talvez aqui caibam duas observações refratárias.

A primeira delas aponta o mundo como uma estação onde o mal viceja, porquanto alicerçado justamente na autonomia secular. Aqui é o nosso quintal. Como “proprietários”, podemos seguir os conselhos do vizinho da esquerda, ou os da direita. Talvez isso também seja parte programática do intrincado plano reparatório divino, sobre a questão que envolve o pecado (transgressão, rebeldia, etc.). Algo do tipo: “viram o que acontece quando vocês decidem viver sem mim, fazendo o que não sabem (como cuidar dos seus próprios destinos)?” Como crianças que machucam umas às outras, até mesmo os inocentes tornam-se vítimas do egoísmo geral.

A segunda reflexão orbita na pretensão do fragmento sobre o todo. Traduzindo, isso equivale dizer que não pode uma formiga compreender adequadamente o mecanismo universal. Pois, por simples e ululantes lógica, a parte não é maior que o todo. Destarte, esses segundos que chamamos de vida não podem determinar a justiça - holística e transcendental - de Deus sobre atos “de terceiros”. Evidentemente, quem sofre tem todos os motivos possíveis para discordar, com veemência, dessa constatação. Aliás, seria uma sandice insondável apregoar, por exemplo, que um prisioneiro de um campo de concentração nazista não possa se sentir desolado, sentindo-se inclinado a duvidar de Deus.

Percebo que, em ocasiões de adversidades mais intensas, os clássicos questionamentos do grego Epicuro parecem assombrar a fé inclusive dos mais experimentados: Deus quer impedir o mal, mas não consegue? Então ele é impotente. Ele é capaz, mas não quer? Ele é malévolo. Deus é capaz e quer? Então por que o mal prospera no mundo?

Pode parecer simplista, mas decido confiar em quem é infinito. A despeito de minhas dúvidas existenciais, percebo sinais inequívocos de bondade, como digitais do Criador do universo. Seja como for, quanto mais eu estudo sobre os ensinamentos deixados por Deus na Terra, a escada que desceu dos céus chamada Jesus Cristo, mais corroboro a sensatez e a validade das narrativas bíblicas – conquanto possam aparentar ser insuficientes ou inclusive contraditórias, em uma leitura menos abrangente.

No mais das vezes, o fato de não avistarmos o apoio divino não deve servir de motivo para abandonarmos o seu maravilhoso convite para crermos além das aparências. Do contrário, negaremos a existência do oxigênio que respiramos?

“Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Só tu tens as palavras da vida eterna.” (João 6:68)

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16:33)

“O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. (...) De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. (...) Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. (...) Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.” (2 Coríntios 4)



domingo, 26 de maio de 2013

NOSSO DEUS – sinopse de uma visão sobre o Infinito



     Os registros bíblicos, que compõem a Palavra de Deus para a humanidade, são um extrato interativo entre o Criador e suas diminutas, ínfimas –e a um só tempo valiosas- microcriaturas. Ciente da precariedade dos nossos recursos, a Origem usou de adaptações linguísticas para se fazer parcialmente compreendida. Algo parecido com o que empregamos quando conversamos com as crianças.   Por conseguinte, as Sagradas Escrituras não são rigorosamente perfeitas, uma vez que contaram com a participação de pessoas em sua confecção; não obstante, revelam-se como segura orientação de vida (em sua exegese holística).
     Ao longo da História, Deus se comunica com um povo, para que esse passe a guardar e a transmitir sua mensagem. Cada integrante, desse longo processo, usou de suas características pessoais e culturais para transcrever o conteúdo recebido (rectius, a inspiração foi divina, a escrita foi humana).

     Em um sentido moral-axiológico,  "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (1 João 1:5), entrementes, na cosmogonia dedutiva ora considerada, postulo a apresentação de uma energia mater pré-conceitual. Em tal abstração, as silhuetas humanamente perceptíveis de Deus são formatadas, por indício cosmológico, como um modelo que lembra a energia escura (anterior à luz), cujo potencial derivativo possibilita a evolução das demais coisas.
     Portanto, em sua constituição ampla, o Criador não se assemelha com suas criaturas. Sua vastidão não pode ser restringida a uma figura antropomórfica. Em minha epifania, Deus não é um senhor de barba hirsuta e longas cãs, mas uma justaposição infinita de energia (o seu “corpo”, quando não representado por uma ideia, cabível no microentendimento terreno).
   Ressalvo, premido pela veracidade de sua Palavra, que Deus não pode ser assimilado como uma convergência panteísta, mas talvez – e repiso o “talvez” – admita uma contemplação supranatural, próxima a um “hiperpanteísmo”: na medida em que todas as coisas geradas não podem estar fora do alcance precípuo da Origem, esse espaço-tempo multidimensional tudo contém, todavia, preservando algo mais, i.e., uma “personalidade” própria (indecifrável e, paradoxalmente, comunicável na extensa e intricada rede de suas derivações).
“E disse Deus: Haja luz; e houve luz.” (Gênesis 1:3)
 Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz (...)” (2Coríntios 4:6)
“A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz.”  (Salmos 139:12)
 "Eu formo a luz e crio as trevas”  (Isaías 45:7)
     Vislumbro, com efeito, um universo em que nada, nenhum ser possa se ufanar por uma autoexistência ou uma independência absoluta de Deus (a despeito da aparente “neutralidade” divina). A queda de Lúcifer e seu séquito ocorreu por essa discrepância rebelde. Assim, até mesmo a oposição não pode subsistir sem um legado do Altíssimo (o qual, por sua natureza inescrutável, demonstra uma paciência altruísta e digna, majestosamente respeitosa até mesmo para com aqueles que utilizam uma concedida liberdade para fins prejudiciais). Vale lembrar, nesse contexto, que ninguém é obrigado a participar do reino celeste...

Como interpreto a Santíssima Triunidade
      Jesus Cristo figura a presença de Deus encarnado, como mensageiro e tradutor da natureza divina. Além de propiciar a graça expiatória (vicariante), seu papel de Filho inculca a guinada de paradigma secular, qual seja, a de servo – epônimo de obediência, humildade e poder altruísta – que projeta liderança; sua revolucionária autoridade dócil provém da excelência de caráter (perfeição de conduta, santidade, mansidão, empatia, sabedoria, etc.)
     Enquanto que o Espírito Santo personifica o elo permanente entre o Alto insondável (Deus, o Pai) e a criação.  Logo, trata-se de uma Entidade que interage por três aspectos “físicos” ou identificáveis, simultaneamente.  (Nessa ocasião sim, encontro certa similitude para com as suas criaturas humanas, dotadas de corpo, alma –ou mente- e espírito, cuja sinergia de características concomitantes torna-se mais evidente.)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ponderações Xexelianas ao Volante



              Vez em quando nos pegamos dobrando as esquinas da vida... Está bem, se é para ser um daqueles trololós existenciais, tentarei ser breve, pelo menos.  Mas dando prosseguimento ao relincho, cá estou chafurdando nas razões do caminho. É quando paramos para confirmar se os instrumentos conferem com a rota desejada, ou mais, se afinal as coisas fazem algum sentido real do jeito como andam... A noção do tempo nos engana; parecia não passar nunca quando desejávamos crescer e ter alguma autonomia. E escorre tão inexorável, quando enfim conseguimos algum espaço neste mundinho confuso. (No começo da jornada, não temos bússula ou mapa, não sabemos se é dia ou noite – apenas que devemos partir. Não temos instruções, mas uma ingente disposição; bolso vazio, às vezes a cabeça também é oca.)
          Hoje, quando reconheço – com alguma serenidade -  o itinerário dos anos, tento amainar as cobranças, olhos bucólicos deslizam nas pradarias deste outono (silentes e tranquilas, como almejo me tornar) e me resigno com alguns fatos naturais.  Sempre haverá pessoas mais prósperas para confrontar a minha incompetência. Isso não me qualifica como palerma (espero). A poeira da estrada também ensina que há muita gente boa que está mais esgualepada.  Portanto, de modo nenhum poderia eu reclamar.  Tive potencial para ser grande? Se não aproveitei, não caberá agora a frustração.  Ainda há alguns quilômetros para percorrer, tombos para levar e, com sorte, algumas risadas me aguardam. 
            Lamentável, mesmo,  talvez seja o meu longo período de adestramento, para um dia usufruir dos benefícios de um “macete dos gurus”: minhas emoções são pouco confiáveis.  As pessoas não são responsáveis pelos meus sentimentos.  O mundo não pode me fazer feliz ou infeliz. Somente eu – e mais ninguém – posso decidir o que fazer com os acontecimentos ao meu redor.  (Acho que Sartre disse algo parecido. Se bem que ele também teria dito que “o inferno são os outros.” Bah, e talvez seja, mas deixa pra lá, fica para uma próxima, outro link, parceiro.)
            Seja como for, entre as pressões externas, de convenções sociais e influências culturais, e aquele pequeno lampejo em que posso descobrir algo original de minha própria personalidade, ora depuro esse insight  digressivo (mas que suspeito conter algo de universal).  Sem GPS.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Nas catástrofes, onde está Deus?

   Tão indecifrável em sua finitude, a vida humana é desconcertante pavor, quando percebemos tamanha fragilidade. Amiúde, vive-se no exercício de estiolar a lembrança, ignorando-se os riscos diuturnos do ocaso – nosso respirar é um assombro natural; dormir e acordar faz prova da delicadeza orgânica das criaturas (além de sugerir uma poderosa engenharia divina, parece-me).
   No cotidiano, evita-se considerar quão próxima é a morte, até que uma enfermidade ou acidente nos devolva o pendor inconveniente da cronologia.
   Ainda que seres temporários, com dificuldade aceitamos os óbitos de pessoas jovens. Sobejamente, quando ocorrem as tragédias (v.g., ocasiões em que um grupo da mocidade fenece), compartilha-se de um estarrecimento amplo, que de modo singular nos embarga a dicção e impõe um silêncio reverencial aos que são tomados de assalto pelo inexorável.

   Há tempos questionamos a existência e o papel de Deus, como árbitro de fatalidades aparentemente inexplicáveis. Na época do terremoto de Lisboa (século XVIII, em um domingo, quando boa parte das vítimas se encontrava nas igrejas), destacou-se o enigma dos céticos religiosos: ou Deus não existe, ou Ele é indiferente às agruras humanas. No melhor dos casos, Ele existe e se importa conosco, todavia não tem poder suficiente para impedir todas as desgraças.
   No Rio de Janeiro, na década de 60, o sinistro de um circo atingiu mais de 500 pessoas (a maioria, crianças). Vez outra, muitas vozes indagaram, em uma comoção popular... Onde está Deus?!
   Recentemente, a carnificina da boate Kiss, em Santa Maria, reabriu o tema em várias instâncias. Para se lograr uma ponderação teológica, s.m.j., mister lembrarmos da grande lição em , acerca da soberania do Criador universal, bem como da Razão infinitamente superior às nossas razões.
   Ademais, verificamos a bondade divina, consoante ratificação de João 3:16. Um amor dessa magnitude não pode restar impassível, face ao drama experimentado por milhares de almas. CONTUDO... Sabemos que este mundo jaz no maligno, outrossim, para ser real, o amor necessita ser espontâneo.

   Aos humanos foi concedida, destarte, a liberdade de escolhas e atitudes. Como corolário desse respeito às decisões (individuais e coletivas), a existência terrena imbrica riscos gerais (a santos e a mundanos), de toda sorte de atrocidades, injustiças e aberrações – porquanto aqui não é o paraíso, destino final dos salvos em Jesus Cristo.
   Pela fé, cremos que Deus permanece acessível aos que O buscam, em espírito e em verdade, apesar das mazelas temporais - Romanos 8:28 e Salmos 34:19 - e do misterioso agir do Aba. Pela fé, não temos todas as verdades, mas constatamos provas robustas acerca da misericórdia celestial. Assim, somos confortados pelo Paráclito, sabendo que de encontro ao padecimento, Jesus Cristo nos sustenta.
(...)
   Jesus. No deserto tácito de “solitárias” almas dilaceradas. Se existe tempo para quase tudo (Eclesiastes 3), ora pranteamos as centenas de adolescentes mortos. Conosco, Ele.
(...)
   Principalmente quando você não encontra respostas, confie em Deus como o esclarecimento que virá.

   A GLÓRIA E O ESPLENDOR DE DEUS ACOLHERÃO AOS QUE AMAM SUA PALAVRA. SHEKINAH

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

2013 carregado de bênçãos!

 "Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; assim, por amor do teu nome, guia-me e encaminha-me." (Salmos 31:3)