Tão indecifrável em sua finitude, a vida humana é desconcertante pavor, quando percebemos tamanha fragilidade. Amiúde, vive-se no exercício de estiolar a lembrança, ignorando-se os riscos diuturnos do ocaso – nosso respirar é um assombro natural; dormir e acordar faz prova da delicadeza orgânica das criaturas (além de sugerir uma poderosa engenharia divina, parece-me).
No cotidiano, evita-se considerar quão próxima é a morte, até que uma enfermidade ou acidente nos devolva o pendor inconveniente da cronologia.
Ainda que seres temporários, com dificuldade aceitamos os óbitos de pessoas jovens. Sobejamente, quando ocorrem as tragédias (v.g., ocasiões em que um grupo da mocidade fenece), compartilha-se de um estarrecimento amplo, que de modo singular nos embarga a dicção e impõe um silêncio reverencial aos que são tomados de assalto pelo inexorável.
Há tempos questionamos a existência e o papel de Deus, como árbitro de fatalidades aparentemente inexplicáveis. Na época do terremoto de Lisboa (século XVIII, em um domingo, quando boa parte das vítimas se encontrava nas igrejas), destacou-se o enigma dos céticos religiosos: ou Deus não existe, ou Ele é indiferente às agruras humanas. No melhor dos casos, Ele existe e se importa conosco, todavia não tem poder suficiente para impedir todas as desgraças.
No Rio de Janeiro, na década de 60, o sinistro de um circo atingiu mais de 500 pessoas (a maioria, crianças). Vez outra, muitas vozes indagaram, em uma comoção popular... Onde está Deus?!
Recentemente, a carnificina da boate Kiss, em Santa Maria, reabriu o tema em várias instâncias. Para se lograr uma ponderação teológica, s.m.j., mister lembrarmos da grande lição em Jó, acerca da soberania do Criador universal, bem como da Razão infinitamente superior às nossas razões.
Ademais, verificamos a bondade divina, consoante ratificação de João 3:16. Um amor dessa magnitude não pode restar impassível, face ao drama experimentado por milhares de almas. CONTUDO... Sabemos que este mundo jaz no maligno, outrossim, para ser real, o amor necessita ser espontâneo.
Aos humanos foi concedida, destarte, a liberdade de escolhas e atitudes. Como corolário desse respeito às decisões (individuais e coletivas), a existência terrena imbrica riscos gerais (a santos e a mundanos), de toda sorte de atrocidades, injustiças e aberrações – porquanto aqui não é o paraíso, destino final dos salvos em Jesus Cristo.
Pela fé, cremos que Deus permanece acessível aos que O buscam, em espírito e em verdade, apesar das mazelas temporais - Romanos 8:28 e Salmos 34:19 - e do misterioso agir do Aba. Pela fé, não temos todas as verdades, mas constatamos provas robustas acerca da misericórdia celestial. Assim, somos confortados pelo Paráclito, sabendo que de encontro ao padecimento, Jesus Cristo nos sustenta.
(...)
Jesus. No deserto tácito de “solitárias” almas dilaceradas. Se existe tempo para quase tudo (Eclesiastes 3), ora pranteamos as centenas de adolescentes mortos. Conosco, Ele.
(...)
Principalmente quando você não encontra respostas, confie em Deus como o esclarecimento que virá.
A GLÓRIA E O ESPLENDOR DE DEUS ACOLHERÃO AOS QUE AMAM SUA PALAVRA. SHEKINAH
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