Vociferam meus sábios
conterrâneos. Política e religião não se discutem. Como nunca fui acusado de
inteligente, considero-as irmãs bastardas. Discuto, portanto, alguma coisa de
ambas, com meus latidos transcritos. Enfim, em minha via primitiva de esbarrar
nas coisas, este campesino exilado desconfia que as atividades políticas, todas elas (as que fedem e as que matam) não escapam de um senso coletivo – esse,
notoriamente influenciado pela axiologia religiosa. Por sua vez, um credo para
ser efetivo em sua doutrina (ainda segundo ilações do presente abilolado)
necessita de alguma praxe secular, o que implica certa ingerência de natureza
também politizada.
Parece-me que um medalhão da Filosofia declarou que (voz gutural, seguida de fanfarra): “o homem é um animal político.” Concordo com o animal. Outros da espécie me perguntam, com certa indignação, as razões do meu repúdio ao Partido dos Trapaceiros – quando não resta nenhum partido honesto neste país.
Sem maiores detalhes (geriatria e
zoonoses não são o meu forte), tento esquivar-me das lanças ao alegar que “O
Partido” parecia funcionar enquanto apenas almejava o poder para si (mas em
nome do povo, sempre). Agindo nos bastidores, fazendo arruaça e abrindo o
berreiro quando algo parecia errado demais (como uma superfaturação em que excepcionalmente
ficaram de fora). Agora, que A Estrela está na Casa do Baralho há mais de
década, com poucos sinais de que deva largar o osso, a esquerda sindicalista
conseguiu fazer o impensável: acabou com a oposição. Tudo virou uma negociata
só. Único, singular escândalo globalizado, sem vozes dissidentes a exigir
condenação generalizada; o último dos vetustos foi desmascarado como velhaco,
um populista que “nada sabia” (vejam só...), a contaminar os Três Poderes em
nome da sacrossanta “governabilidade”, estruturada por uma infindável malta,
ralé, súcia de sacripantas, energúmenos, abjetos lesa-pátrias que se declaravam
a solução dos problemas crônicos, ora promovendo a compra oficial de votos (por
meio de festejado assistencialismo das bolsas-mendicâncias), com obscena sangria
do erário, ao fito de perpetuar uma ditadura branca, maquiada de democracia. A
nação dos vagabundos iletrados agradece!
Acho que, para resumir o boletim
de ocorrência, no fim das contas não sou contra o Partido. Só não vou com a
cara de quem vota nele.
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