"NINGUÉM ESTÁ LIVRE DOS DEVANEIOS DE SUA ARTE,
OU DA CHINELADA DA LUCIDEZ ALHEIA." Cleberton O. Garmatz

"Estranhos dias os que vivemos, em que para se destacar em uma área, as pessoas se tornam imbecis nas demais." Cleberton
(Ai dos meus pares, que continuam medíocres em 100% delas...)
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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

OS DETALHES, O PEQUENO E O POUCO


Reflita acerca disto: você recusaria ser proprietário(a) de uma cintilante Ferrari, que acaba de sair da fábrica, porque 2% dela são diferentes das demais? Ou então consideraria como inconfiável, um supercomputador que responde corretamente 9.999 de 10.000 perguntas quaisquer?
Quando observo a mim mesmo (nas raras vezes em que consigo estômago), tento disfarçar certo nervosismo, engolindo em seco o breve desespero que me assalta. Minha imperfeição é algo nauseabundo, provocando-me dor, indignação, tristeza e raiva! Ainda que eu ficasse um dia inteiro encerrado no quarto, sem fazer mal algum às pessoas, ao final sentiria uma vergonha esmagadora – pois novamente teria deixado de fazer o bem ao meu alcance. Tenham assim uma vaga noção, apenas, sobre as dimensões do meu desconforto, quando reconheço que TODOS OS DIAS eu deixo de fazer o meu melhor, de ser exemplo motivador aos demais - diariamente eu fracasso, em meu compromisso de praticar aquilo que eu já estou sobrecarregado de teorizar. Enfim... Quando eu sou alvejado pela montanha de incompetência aqui abrigada... Neste desperdício de recursos que leva o meu nome... Caramba, eu realmente fico extasiado, tão somente ao imaginar a felicidade em ser 30% menos tosco. Meu contentamento beira uma fantasia escapista, alienação fugaz que anestesia as mazelas de ser a criatura diante do espelho. Satisfação tão efêmera como um orgasmo memorável. Pois logo sou esbofeteado, achincalhado e esculachado pelo despertar da besta-fera consciência. Ah, o peso de seus vereditos sobre a corcunda de minha parca moral!
Como sou patético... Eu cá me esvurmando a alma, cabelos desgrenhados e expressão grave, para aborrecimento, desdém e sonolência de meus dois ou três leitores. Basta (seu bosta)! Em preito à minha amada plateia de indiferentes, enforco o trololó. Avante, com a devida atenção às excelsas frugalidades do cotidiano, sigamos o protocolo: providencio, finalmente, voz ao leitor, na coerência que poucos lunáticos-de-amarrar ousam nestes dias suspeitos.  Você, querido Tibúrcio/estimada Pafúncia, deve ter respondido negativamente ao questionário que inaugura essa insensatez. Refaço-o, pois, com as alterações (im)pertinentes: E se os 2% da reluzente Ferrari estivessem ocultos? Ainda, nesse caso, tardiamente fossem encontrados no complexo sistema de frenagem do bólido italiano? (...) Quanto ao supercomputador, máquina notável que parece tudo conhecer e não é a minha esposa, bem, que tal supormos que a única pergunta que ela não soube responder de modo escorreito foi... “Você sempre diz a verdade?”
Vamos nos poupar. Talvez essa lenga-lenga seja amordaçada pela obviedade sinótica – tudo isso para lembrarmos que, em muitas ocasiões capitais de nossas vidas, “quase” não é o suficiente. Não importa o quanto tenhamos lutado e progredido. Ao final, de nada adiantará ter sido “quase salvo”, “quase vencedor”, “quase honesto”, “quase sobrevivente”, “quase bíblico”, “quase obediente”, “quase fiel”, “quase santo”.
Observe as pequenas coisas, os detalhes intrigantes em tudo ao nosso redor. Menos de 2% do nosso DNA humano nos separa dos chimpanzés. Somos bilhões de criaturas singulares, todas parecidas e diferentes a um só tempo. Sim, Deus espalhou suas digitais mundo afora, sutilezas que gritam, assinaturas geniais do Incompreensível. E saiba que, em mais vezes do que se imagina, o pouco é decisivo.

(Acordo de madrugada, transpirando e agitado, com o trovão suavemente rompido em minha mente: “Um pouco mais de coragem. Um pouco mais de esforço. Um pouco... Um pouco mais para  não continuar como pouco.”)
CLEBERTON (Xexéu) apoia:   www.mudeumavida.org.br     (filiado aoACTIONAID)

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