"NINGUÉM ESTÁ LIVRE DOS DEVANEIOS DE SUA ARTE,
OU DA CHINELADA DA LUCIDEZ ALHEIA." Cleberton O. Garmatz

"Estranhos dias os que vivemos, em que para se destacar em uma área, as pessoas se tornam imbecis nas demais." Cleberton
(Ai dos meus pares, que continuam medíocres em 100% delas...)
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quarta-feira, 29 de abril de 2015

PELO FIM DO ANTISSEMITISMO (MESMO!)


Israel: quase 70 anos!

 
Israel está comemorando 67 anos! Muitos leitores deste artigo certamente já festejaram mais aniversários do que este minúsculo país, com apenas 22.072 km² (menor do que o estado de Sergipe, CABE COM FOLGA NO RIO GRANDE DO SUL e ainda tendo 60% deste total ocupado por deserto) e 8,1 milhões de cidadãos (sendo 75,3% judeus). Para você ter uma ideia, os 22 estados árabes possuem 350 milhões de habitantes, enquanto os 60 países islâmicos já somam 1,2 bilhão de seguidores.

Se os números são desproporcionais, o desenvolvimento também é. Israel teve deflação de 0,2% em 2014; a economia cresceu 3,2% na média dos três últimos anos; o país possui uma invejável renda per capita de quase US$ 35 mil e índice de qualidade de vida de 0,888 - um dos mais elevados do mundo. Considerada a “cidade que nunca para”, Tel Aviv conquistou recentemente o “Prêmio Mundial de Cidades Inteligentes”. Apesar de ser obrigado a investir cerca 10% do PIB na defesa do país, Israel é o país que mais gasta com pesquisa e desenvolvimento (P&D): são 4,4% do seu PIB, quase o dobro da média (2,4%) dos 34 países desenvolvidos que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

 Toda empresa multinacional de tecnologia do mundo tem um centro de P&D em Israel, incluindo Intel, IBM, Microsoft, Google, Facebook e Apple. O país também possui mais empresas listadas na Bolsa Eletrônica “Nasdaq” do que toda a comunidade europeia junta, tem a maior porcentagem/per capita de computadores pessoais e ainda é um dos líderes globais em comunicações, ciências da vida, desenvolvimento de softwares e em cibersegurança. A comparação com o Vale do Silício, na Califórnia, é inevitável, já que possui o segundo maior número de companhias startups no mundo, logo depois dos Estados Unidos. Foram cientistas israelenses que criaram, por exemplo, o telefone celular (laboratório da Motorola), a tecnologia de chips para o processador Pentium (laboratório da Intel), o sistema de armazenamento de voz (“voice mail”), o primeiro programa antivírus para computadores e o ICQ, programa de comunicação instantânea pioneiro na Internet. Há três meses, a Apple inaugurou um centro de pesquisa e desenvolvimento em Israel, na cidade de Herzliya - o segundo maior da empresa no mundo e que está gerando mais de 700 empregos diretos. "Temos uma enorme admiração por Israel como lugar para fazer negócios", afirmou na ocasião Tim Cook, CEO da Apple.

Apesar dos limitados recursos naturais, o intensivo desenvolvimento industrial e da agricultura ao longo das últimas décadas fez com que Israel se tornasse amplamente autossuficiente na produção de alimentos. Ele é reconhecido mundialmente por suas tecnologias de ponta em reuso, dessalinização e controle de perdas de águaÉ, também, o único país que terminou o século XX com mais árvores do que o iniciou. E o primeiro no ranking mundial/per capita, tanto em números de artigos científicos como em patentes de equipamentos médicosFoi uma empresa israelense que desenvolveu o exame de sangue que permite diagnosticar ataques cardíacos por telefone; o primeiro sistema para detecção de câncer de mama isento de radiação e monitorado por computador; a primeira filmadora em forma de cápsula ingerível, que permite o exame do intestino delgado; e o diagnóstico de câncer e de disfunções digestivas. Agora imagine um adesivo para o tratamento de diabetes que substitui a necessidade das injeções diárias; uma forma de diagnosticar câncer de pulmão apenas pela respiração, uma maneira de aplicar drogas para tumores usando a nanotecnologia ao invés da quimioterapia ou um dispositivo a laser do tamanho de um barbeador elétrico que alivia a dor e cura feridas no conforto de sua própria casa.

Esses dispositivos já existem ou estão em fase de desenvolvimento. Entre os muitos judeus que têm contribuído significativamente para a humanidade, em todas as áreas do pensamento, estão Albert Sabin (vacina contra a poliomielite), Arthur Solomon Loevenhart (um dos responsáveis pelos medicamentos contra a sífilis), Selman Abraham (descobriu a estreptomicina, valorosa no tratamento da tuberculose), além de Albert Einstein (teoria da relatividade), Siegried Marcus (criou o motor à gasolina) e Sigmund Freud (psicanálise), só para citar alguns.

 Enfim, contando com apenas 0,2% da população mundial, os judeus já conquistaram 22% de todos os “Prêmios Nobel”.

Em termos educacionais, Israel também se destaca: possui o maior percentual em número de diplomas de curso superior e centros de referências em várias especialidades, como os institutos Technion (Tecnologia) e Weizmann (Ciências), além da Universidade Hebraica de Jerusalém, que está entre as 100 melhores do mundo.

 E quando o assunto é esporte, Israel disputa torneios com os países europeus, mas ainda assim faz bonito: o time Maccabi Tel Aviv já se sagrou campeão da “Copa Intercontinental”, foi vice-campeão mundial em 2014, quando perdeu para o Flamengo, e ganhou o campeonato europeu de basquetebol seis vezes (é o segundo clube com mais conquistas da Euroliga na história). Também foi a primeira equipe europeia a vencer uma equipe da NBA em solo norte-americano. Por outro lado, a     “Macabíada”, principal evento esportivo do mundo judaico, é o terceiro maior do mundo em número de atletas. Nas competições individuais, porém, uma surpresa: o campeão mundial Gary Gasparov, considerado o “Rei do Xadrez”, revelou que, apesar da fama, já foi discriminado por ser judeu.

Por sua riquíssima cultura milenar, Israel tem muitos motivos para ser aplaudido de pé, seja na música, na dança e na criatividade. É inacreditável como há alguns anos realiza o “Festival de Ópera” em... Massada - local que é um monte rochoso, palco de uma batalha histórica. Fica a cerca de 520 metros acima do Mar Morto, ou seja, seria     totalmente impróprio para qualquer tipo de evento. Por outro lado, no cinema, são judeus cineastas como Steven Spielberg, atores do porte de Michael Douglas e Barbra Streisand, e humoristas que inspiraram novas formas de fazer comédia, como os Irmãos Marx, Charles Chaplin, Jerry Lewis, Woody Allen e Jerry Seinfeld. Talvez você não saiba, mas dois judeus, Jerry Siegel e Joe Suster, criaram o Super-Homem; um judeu, Bob Kane, inventou o Batman; e Stan Lee, o mais famoso autor do mundo dos quadrinhos, também judeu, é o responsável por personagens como Hulk e Homem-Aranha. E tem mais: o Capitão América foi desenvolvido pelos judeus Joe Simon e Jack Kirby.

No quesito política, Israel se orgulha da democracia e pluralidade, absorvendo as mais variadas ideologias, etnias, credos, gêneros e religiões. Os árabes, por exemplo, são a terceira maior força no Parlamento, possuindo 14 cadeiras de um total de 120, assim como as mulheres têm voz ativa, com 29 representantes.

O respeito à diversidade é uma das características do povo judeu, eternizado com a criação do Estado Judeu. 

Hoje, o Brasil recebe tecnologia de ponta israelense para a agricultura do nordeste brasileiro e expertise em segurança para ser aplicada na segurança de grandes eventos. Os países possuem parceria econômica, inclusive no Mercosul; intercâmbios educativos, como o projeto “Ciência sem Fronteiras”, que tem a participação de muitos israelenses; programas do Instituto Weizmann de Ciências, que leva brasileiros para cursos especializados em Israel; e concursos sobre o Holocausto, promovidos por entidades judaicas que premiam professores e estudantes das escolas públicas. Além disto, a comunidade judaica atua em variados programas solidários, como o que o Hospital Israelita Albert Einstein desenvolve na Comunidade de Paraisópolis (São Paulo), que beneficia 6 mil moradores com atendimento médico de vanguarda, atividades socioeducativas e assistência biopsicossocial.

Enfim, a terra é árida, e mesmo assim Israel se destaca em questões agrícolas. Não há recursos, e o país desenvolveu alternativas para o combustível. Está cercado por inimigos, e sua tecnologia militar é usada como fonte de inspiração para empresas inovarem... Mundo: deixe Israel viver. Deixe os judeus ajudarem a construir um mundo melhor. A humanidade consciente agradece!

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Dias difíceis, questões amargas.

Se em Efésios (6:12) pontifica-se que a nossa luta não é contra a carne, mas contra principados espirituais, bem como se em Romanos (12:21) somos instados a combater o mal fazendo o bem, como medida de contrapeso, forçoso reconhecer que vivemos em organizações que incluem a intervenção física, até mesmo agressiva (ainda que como ato de amor, em Provérbios 13:24 e Atos 17:11), sob circunstâncias extremas de defesa legítima, indispensável para preservação de um bem maior.

Em um mundo que não pode prescindir da existência de policiais e soldados armados, para manutenção da ordem social, será que levantes infernais como o nazismo podem ser rechaçados tão somente com orações e braços pacíficos? Poderão o genocídio e o estupro coletivo de mulheres das minorias no Iraque e na Síria, o assassinato premeditado de 132 crianças - fuziladas por islamitas fanáticos, na frente dos professores, em uma escola em Peshawar, no Paquistão - ou a tirania silente das células terroristas ser combatidos apenas com direitos humanos, preces e tentativas diplomáticas?

Para ponderação conjunta, transcrevo a seguir alguns trechos da entrevista do escritor e cientista político Hamed Abdel-Samad (revista Veja, edição 2408, de 14/01/2015), que militou por dois anos na Irmandade Muçulmana.

“- O senhor já foi acusado de ser tão beligerante quanto os muçulmanos radicais ao dizer que o Islã político deve ser exterminado militarmente. A crítica faz sentido?

R= Só um ingênuo pode achar que um grupo como o Estado Islâmico pode ser derrotado com diálogo, ainda que de um lado esteja o papa e do outro os representantes dos extremistas. Não há conversa possível, porque eles não acreditam que a outra parte tem o direito de existir. Querem o poder total para controlar o mundo. A única opção é bombardeá-los e combatê-los com soldados. Apenas isso não solucionaria o problema, claro. Subjugá-los exige enfrentá-los pelo ar e por terra e, ao mesmo tempo, ter uma estratégia para lidar com o mundo árabe, como um novo Plano Marshall (feito para levantar a Europa arrasada após a Segunda Guerra).

Os pacifistas, que acreditam que a guerra não é a solução, precisam ver a situação concreta. Se os Estados Unidos não tivessem bombardeado os terroristas que se aproximavam da minoria religiosa dos vazidis em agosto, no Iraque, haveria um genocídio. Os soldados curdos não teriam conseguido impedir o avanço deles sem ajuda. Se esses pacifistas lessem História, aprenderiam que muita gente tentou negociar com Hitler, mas de nada adiantou.

Muitos dos alemães que me criticam hoje não existiriam se os americanos não tivessem desembarcado na Normandia e libertado a Alemanha dos nazistas. Obviamente, eu prefiro não ver uma gota de sangue sendo derramada. No mundo atual, contudo, há grupos como o Estado Islâmico, que degola inocentes, estupra meninas e dizima minorias. Não podemos só ficar fazendo correntes humanas e acendendo velas, achando que isso trará paz.

- O senhor já foi da Irmandade Muçulmana. Por que abandonou o grupo?

R= Meu pai é um imã (líder islâmico), e eu aprendi a declamar o Corão de memória. Na universidade, entrei para a Irmandade, atraído pelo mesmo sonho que o Estado Islâmico vende hoje, o de ser parte de uma revolução. É uma ideia muito sedutora. Durante dois anos, presenciei a lavagem cerebral que eles fazem. Em um dia muito quente, levaram-nos para um treinamento no deserto. Deram uma laranja a cada um de nós e pediram que andássemos até cair de cansaço e sede. Então nos mandaram sentar, ajoelhar e descascar a laranja. Foi um momento de êxtase. O chefe, porém, nos disse que devíamos enterrá-la e comer só a casca. Eu pensei: “Como assim? Ele só pode estar querendo me quebrar, tirar minha dignidade.” O objetivo é ensinar todos a obedecer cegamente.

Fazem essas coisas para que os homens não possam dizer “não”. Isso é perigoso. O meu próximo passo foi ir para a Europa, onde comecei a estudar o Islã do ponto de vista científico. Foi então que comecei a ver todas as contradições e a escrever sobre isso.”

EM TEMPO: Acerca da tolerância para com as falsas doutrinas (bem como religiões não cristãs), tão divulgada pelo discurso politicamente correto, sugiro um exame mais elaborado, com esteio de algumas advertências bíblicas.

“ Recomendo, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e põem obstáculos ao ensino que vocês têm recebido. Afastem-se deles. Pois essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a seus próprios apetites. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam o coração dos ingênuos.” Romanos 16:17-18

"Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas? Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão!” Mateus 7:15-20

“Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas?

Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente?” 2 Coríntios 6:14-15

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

As Catástrofes do Excesso e da Omissão

- Em defesa da Pegida alemã!

“Dois extremos perigosos: só aceitar a razão e negar a razão.” Blaise Pascal

Tenho observado, na conduta popular, que um direito exercido sem regramentos se torna abuso, senão crime. Em paralelo, uma organização ou coletividade que se omite, em demonstrar e combater os excessos das liberdades em seu meio, torna-se conivente pelos resultados, ainda que desencadeados por atividade direta de outrem.

Tome-se o exemplo do direito de livre expressão. Por mais natural e evidente que ele possa parecer, ainda assim o seu exercício não é absoluto ou ilimitado (pelo menos, não na maioria dos estados democráticos). O direito de pensamento ou liberdade de opinião encontra alguns controles normativos, muitas vezes representados pela proibição do anonimato – para que seja assegurada a responsabilidade dos seus usuários, em torno do conteúdo de suas mensagens. Nesse sentido, por essa ressalva são associadas demais restrições, como a não permissão de apologia a ilicitudes.

Recentemente, essa premissa axiomática parece ser rejeitada por muitos setores sociais, quando o assunto é liberdade religiosa. Ora, de antemão é mister que seja novamente entronizado um fato universal, com premência, entre as mídias internacionais de civilizações democráticas, qual seja, que NEM TODO CREDO É PACÍFICO, logo, nem sempre poderemos celebrar um liame pleno de culturas, raças e ideologias, sob o manto isonômico da laicidade.

Por pragmatismo, podemos concatenar que nem todo muçulmano é terrorista, mas todo terrorista do novo milênio é muçulmano. Cristãos, budistas, judeus, taoístas, xintoístas, ritualistas africanos... Ninguém mais além de alguns fanáticos islâmicos foi capaz de explodir pessoas em nome de sua crença. Isso é fato.

Se é mais do que aceitável a proibição de propaganda nazista, por exemplo, por que não se toma idêntica postura empírica, contra o terrorismo disfarçado de religião, existente em alguns grupos de virulento fundamentalismo, como jihadistas e talibãs, sem falar no monstruoso Estado Islâmico?

Vejam que, enquanto no Brasil os evangélicos são constrangidos, acusados de “intolerantes”, “fanáticos homofóbicos”, tão apenas por lembrarem que na Bíblia foram registrados comportamentos considerados como depravação (pecado), em países do Oriente Médio os supostos pecadores são mortos, enforcados ou apedrejados.

Quantos 11 de setembro e Charlie Hebdo, afinal, serão necessários para convencer os teóricos do politicamente correto? Será sábio pechar de xenofobia, racismo e preconceito a cautela de algumas nações, na seleção mais criteriosa da imigração muçulmana?

Interessante refletirmos sobre outro fato, por analogia. No mundo científico, não há qualquer consternação ou nem sequer discussão ética sobre medidas profiláticas e barreiras sanitárias, adotadas com referência a pessoas oriundas de regiões estatisticamente afetadas por epidemias (vide o surto recente do Ébola). No campo da política (e dos academicismos de araque), contudo, a coisa sempre tende a nutrir certo viés libertário e contestador, um cinismo de ocasião. Sobejamente nos debates filosóficos e, por patogenia, na barafunda de uma pátria sem identidade, a hipocrisia faz carreira...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Considerações Teológicas acerca da Fisiologia Humana


"Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca." Mateus 26:41



O organismo humano é um escafandro, uma roupa de mergulho para o espírito que se encontra muito embaixo dos céus. Portanto, o corpo é um meio material de interferência nesta realidade. Na pressa do cotidiano, amiúde, pouco percebemos que a maioria das emoções não advém do espírito, mas das reações químicas de um complexo mecanismo biológico. Nossos sentimentos, muitas vezes, provocam decisões pautadas por mera satisfação de áreas cerebrais (v.g., serotoninas, endorfinas, etc.). Não por acaso, cada vez mais verificamos atitudes desastrosas, por conta de uma velada ditadura da carne.

Na epístola aos romanos, Paulo evidencia a dicotomia do corpo – um recipiente com afinidades próprias - e o espírito (uma entidade de natureza e operacionalidade menos rudimentares). Vejamos: “Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio.” (Romanos 7:15) “Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.” (Romanos 7:18-19)

Assim como em um treino físico, sentimos dificuldades em correr quando colocamos pesos de ferro em nossos tornozelos. Parece-me válida a ilustração, com referência à função precípua da carne; um empecilho ou óbice que serve para desenvolvimento da fé e da maturidade espiritual, ao fito de alçarmos novos estágios. Concomitantemente, essa aparente incompatibilidade entre corpo e espírito permite-nos experimentar uma liberdade individual das decisões: quer seja pelas razões do espírito, quer seja pelas inclinações corporais.

Em uma perspectiva mais particular, vislumbro a possibilidade de mitigarmos nossas culpas, por meio de uma conduta que assume, publicamente, essa tendência natural. “Errar (pecar) é humano.” Todavia, não podemos ceder ao convite do outro extremo, alegando suposta inocência pessoal diante das tentações, para apontar a culpa exclusiva a causas “externas” (como a influência do diabo, por exemplo).

Por essa ótica – que reconheço ser desprovida de qualquer originalidade, o pecar é inerente de existir, em termos fisiológicos ou orgânicos (com a única exceção de Deus entre os homens, na pessoa do Filho Unigênito, Jesus Cristo). Mas compete ao espírito o desapontamento íntimo e a desaprovação para com o pecado. Eis o bom combate, referido pelo apóstolo dos gentios. Vale dizer, podermos adotar uma atitude menos autodepreciativa, no intuito de exortarmos os nossos próprios esforços - que deverão ser diuturnos - diante de um desafio tão universal. Logo, não há nada de anormal ou escandoloso em sentirmos vontade de criticar pessoas, ou o oposto, quando lutamos contra uma atração sexual. O desejo, o temperamento, isso é um componente arraigado do gênero humano. Não seremos menos santos em confessarmos tais fraquezas. Na verdade, isso até mesmo pode servir como um motivador diagnóstico metafísico.

Nossa dignidade, como povo que participa da misericórdia divina, parece-me estar em reconhecer as nossas mazelas e em tomar posse do perdão ofertado na cruz. Com efeito, proponho uma leitura provavelmente mais holística ou abrangente da condição de criaturas. Nela, declaramos em alta voz a nossa incapacidade para voar com asas próprias, mas assumimos o compromisso de evitarmos os abismos.

Tropeçar e levantar-se. Procurando acertar sempre, compreendendo e praticando a tarefa do perdão. Indispensável, pois, confiarmos nos motivos do Alto, que ainda desconhecemos. Talvez esteja nesse exercício vitalício a essência cristã de negarmos os caprichos carnais, por mais convincentes que muitas vezes se apresentem.

Afinal, acredito que enquanto houver um arrependimento autêntico, haverá esperança. Certamente, pois, que seremos objeto de clemência, por força da Graça incomensurável do Senhor.

“Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?"

Jesus respondeu: "Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete.” Mateus 18:21-22

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Por que confiar na Bíblia?

Desejaria ter o que dizer, a todo alguém que eu encontrasse. Na verdade, eu até possuo a mensagem – mas padeço o tormento de ignorar a maneira adequada para expressá-la. (Cada ouvinte é uma estação particular.)



Em princípio, eu saberia o assunto a tratar com o vizinho desconhecido, o transeunte apressado na rua, a criança no quarto de hospital, a profissional multiatarefada, a turma de estrangeiros turistas. Cada pessoa que surge em meu campo de visão. Para meu desconcerto, no entanto, minha habilidade postiça tende a sabotar a chance de compartilhar esse tesouro.



Isso pode soar um tanto arrogante ou proselitista. Uma simples alma se achar munida de uma mensagem relevante, não importa quão alienígena seja o seu interlocutor. De certa forma, a maioria dos internautas já assim se comporta, por meio de suas autopromoções nas redes sociais (hiperbólico, diria que 90% delas estão agindo por exibicionismo, em uma pueril exposição competitiva de egos, assim resumo).



A ocasião de um ser humano demonstrar interesse em anunciar algo que julga ser capital, diante do mundo inteiro, pode ser visto – por que não? – como um gesto de megalomania ou prepotência. Por outro lado, tente colocar-se na pele de alguém que acredita, com todas as razões e forças, ter encontrado o maior de todos os bens e objetivos: o significado desta vida. Não seria um tremendo desprezo à humanidade guardar apenas para si essa maravilhosa descoberta?



Querido(a) estranho(a): neste instante, eu não posso apreciar o seu rosto, sorrir para você ou apertar a sua mão. Nem mesmo conhecerei o seu nome. Assim mesmo, ouso pedir um pouquinho mais de paciência para com a minha condição de evangélico.



Obrigado por sua atenção. Tenha uma boa semana!



(Obs.: Para um crente, “cristão” significa ser discípulo de Cristo. Portanto, alguém que procura sinceramente abdicar das tendências profanas do mundo, para levar uma vida pautada pelas verdades bíblicas. Nesse compromisso de “sede santos, assim como eu sou santo”, bem como “quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”, a leitura dos Testamentos deve ser espontaneamente diária, algo tão natural como tomar banho e fazer as refeições, porém mais precioso do que respirar. E isso, amigos, definitivamente é algo muito difícil de ser compreendido pelas confusões das sociedades.)



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Em tempo: por que não nascemos melhores?

Dentre as mais corriqueiras objeções contra as Sagradas Escrituras, na acepção dos céticos, desponta a refutação sobre quão sagradas seriam elas. Aos que rejeitam sua validade, tão somente por terem sido elas redigidas por homens, sugiro maior ponderação. Sim, evidente que elas foram escritas por mãos humanas. Estranho seria se afirmássemos que foram "despencadas dos céus", i.e., exaradas direta e exclusivamente por Deus.



Provavelmente, o aspecto principal para analisarmos esse código de instruções morais, filosóficas e religiosas (espirituais) esteja na utilidade real dos seus ensinamentos. Enfim, pelos resultados de quem os pratica. E para que possamos extrair lições profícuas da milenar narrativa, necessitamos observar a interessante variação de recursos, linguísticos e literários, aduzidos na historicidade hebraica. Mormente, é de precípuo expediente a familiaridade dos leitores com a canonicidade e a contextualização dos manuscritos compilados.



Em palavras breves, repiso que a Bíblia – como acena sua etimologia grega – é uma coletânea de livros, realizada comparativamente por lideranças e estudiosos das igrejas judaica e cristã. Um dos critérios adotados para selecionar ou descartar um texto, como se esperaria, foi o da coerência desse com os demais, bem como a similitude com outros de uma época próxima. Por esse prisma, portanto, uma diversidade de textos feitos há poucos séculos (notoriamente, oriundos de copistas obscuros da Idade Média) é considerada apócrifa, ou seja, não tem reconhecida a sua autenticidade com referência ao conjunto bíblico.



Com efeito, não é de se estranhar - pelo menos para quem acompanha o complexo cotejo teológico dos Testamentos - que volta e meia apareçam textos sensacionalistas na mídia, afirmando inconsistências tais como Jesus Cristo casado e com filhos, ou ter sido homossexual, ou então não ter nem sequer existido. À luz dos minuciosos estudos arqueológicos e literários - pela comunidade científica em todo o mundo, ao longo do tempo – essas “revelações” bombásticas não prosperam, nem mesmo remotamente. Historiadores que viveram na Antiguidade, boa parte deles não cristãos (a exemplo do judeu Flávio Josefo e dos romanos Plínio, o Moço e Suetônio), já retratavam fatos mais críveis e razoáveis, corroborando uma ortodoxia exegética.



Dito isso, proponho a seguinte reflexão como subsídio de resposta, à questão que intitula a presente resenha: a Bíblia é antologia sinótica a duas das maiores religiões existentes, bem como é o mais antigo manual da fé monoteísta. Outrossim, no tocante ao messianismo de Jesus Cristo, ninguém mais na Terra afirmou ser Filho de Deus (nem Buda, nem Maomé ou qualquer outro líder religioso), quanto mais demonstrou provas de estar falando a verdade (máxime, pela ressurreição, testemunhada por diversos judeus daquele momento). Eis o maior constrangimento dialético já disposto à humanidade: ou Jesus Cristo foi um mentiroso, ou é Deus na condição de pessoa. Ponto final. A partir daí, vai da escolha dicotômica de cada um. Pois não há margem para o nazareno servir apenas como um modelo de conduta ou um mestre inspirador (afinal, ressalto, ou foi Ele um farsante, ou é o próprio caminho estreito até o Reino do Pai).



“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.” João 5:39



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Sugestão do Mês

Quando eu era um guri, no alto dos meus 8 a 10 anos, desdenhosamente considerava algo por demais ridículo aqueles meus pares, na saída do cinema, tentando copiar cenas dos filmes. A cada final de semana, eu deplorava aquele pessoalzinho sem noção, nas ruas, enquanto retornavam para suas casas, ensaiando golpes de karatê, ou tentando ser comediantes, pistoleiros, gigantes, etc. Lembro que eu chegava a me afastar, para que ninguém me confundisse com aqueles “amadores, que se deixam levar pelo calor da emoção, desprovidos de qualquer senso de autocrítica”.

Nos dias atuais, na decrepitude de minhas décadas vividas, valorizo aqueles atos puerilmente autênticos. Talvez a vida seja ela mesma, afinal, uma compilação dessas evasões espontâneas, sem filtros, simpatizantes do imaginário. Como uma interessante sucessão de emoções que podem – ou devem – ser expressas, libertadas da mente para o corpo. Arriégua, eitaferro, fico mordido quando eu escancaro assim a minha briosa filosofia de borracharia! Acredito que dificilmente parecerei arrogante com ela, mas sofro o risco de pretender ser sábio, sobre algo que na verdade é óbvio demais (algo como explorar frases e conceitos simples, de maneira a sugerir complexidade/profundidade – quem algum dia já perdeu tempo com um Paulo Coelho da vida sabe do que estou me referindo).

Mais do que a minha infância, hoje lembrei de um dos motivos pessoais para apreciar livros, música, filmes. A inesperada capacidade de gerar pontos criativos de reflexão, sobre questões reais da nossa existência. Está cada vez mais difícil, para mim, encontrar algum título que propicie aquela mistura empolgante de razão e emoção. Pois acabo de ser surpreendido por uma pequena maravilha (como de costume, despercebida pelo público em geral). “THANKS FOR SHARING” é um desses filmes que talvez pouco ou quase nada possa dizer a você, respeitável visitante. Quanto a mim, está sendo – pelo menos até o dia de amanhã – uma daquelas ficções que parecem plagiar coisas das nossas próprias biografias (o que gera uma sensação esquisita de risos e preocupações). Com os olhos marejados e voz embargada, faço a contagem mental (os dedos das mãos ajudam, enquanto continuamos a caminhar) e tento manter as esperanças de que, na vida real, haverá sim um final feliz. Não graças a meus patéticos esforços em imitar algumas lições do meu Mestre... (Mas talvez pela generosidade da plateia invisível que me assiste.)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Enquanto isso, em um distante país tropical...

    Vociferam meus sábios conterrâneos. Política e religião não se discutem. Como nunca fui acusado de inteligente, considero-as irmãs bastardas. Discuto, portanto, alguma coisa de ambas, com meus latidos transcritos. Enfim, em minha via primitiva de esbarrar nas coisas, este campesino exilado desconfia que as atividades políticas, todas elas (as que fedem e as que matam) não escapam de um senso coletivo – esse, notoriamente influenciado pela axiologia religiosa. Por sua vez, um credo para ser efetivo em sua doutrina (ainda segundo ilações do presente abilolado) necessita de alguma praxe secular, o que implica certa ingerência de natureza também politizada.
   

    Parece-me que um medalhão da Filosofia declarou que (voz gutural, seguida de fanfarra): “o homem é um animal político.”  Concordo com o animal. Outros da espécie me perguntam, com certa indignação, as razões do meu repúdio ao Partido dos Trapaceiros – quando não resta nenhum partido honesto neste país.
Sem maiores detalhes (geriatria e zoonoses não são o meu forte), tento esquivar-me das lanças ao alegar que “O Partido” parecia funcionar enquanto apenas almejava o poder para si (mas em nome do povo, sempre). Agindo nos bastidores, fazendo arruaça e abrindo o berreiro quando algo parecia errado demais (como uma superfaturação em que excepcionalmente ficaram de fora). Agora, que A Estrela está na Casa do Baralho há mais de década, com poucos sinais de que deva largar o osso, a esquerda sindicalista conseguiu fazer o impensável: acabou com a oposição. Tudo virou uma negociata só. Único, singular escândalo globalizado, sem vozes dissidentes a exigir condenação generalizada; o último dos vetustos foi desmascarado como velhaco, um populista que “nada sabia” (vejam só...), a contaminar os Três Poderes em nome da sacrossanta “governabilidade”, estruturada por uma infindável malta, ralé, súcia de sacripantas, energúmenos, abjetos lesa-pátrias que se declaravam a solução dos problemas crônicos, ora promovendo a compra oficial de votos (por meio de festejado assistencialismo das bolsas-mendicâncias), com obscena sangria do erário, ao fito de perpetuar uma ditadura branca, maquiada de democracia. A nação dos vagabundos iletrados agradece!

      Acho que, para resumir o boletim de ocorrência, no fim das contas não sou contra o Partido. Só não vou com a cara de quem vota nele.