QUEM É A TRIBO ANACRÔNICA
Intui-se, apenas um grupo de poucas almas anônimas, dispersas em um mundo estranho. Criaturas anfóteras, acuadas pela artificialidade das relações, pelos signos igualmente rasos das grandes massas, máxime do canhestro viés do consumismo autofágico, da tecnologia e solitude galopantes. (E o prazer, por que não dura? E a minha felicidade, onde foi parar essa malvada?) Como sói em sua rotina sufocante, provavelmente essas crianças sejam capturadas por desconhecida taxionomia - atavismo ou resquício de uma subcultura lírica soterrada pela demanda fugaz; ilhéus ou exploradores perdidos, neoclássicos remanescentes de uma mítica belle epòque.
(?!) E na prática, de que estirpe de imbecis estamos nos referindo? Difícil restringí-los a uma depreensão. Gostam de escrever ao som de "Crash Test Dummies", "Brian Ferry", "Cocteau Twins" e outras cafonices. Apreciam as florestas e praias desertas. Amam os livros, os filmes e as atividades esportivas. Idolatram o bem, cujo ícone-mor é Jesus Cristo, mas padecem de paixões proibidas (contradições patéticas e velados escapismos). São detratores contumazes e bem humorados de si próprios. Filósofos sem diploma, religiosos sem cacife. Oradores desprovidos de facúndia, escritores diletantes. Arquetípicos: insones artistas mutilados de talento.
Destituídos de razão ou sequer do esforço recompensado a longo prazo, tais energúmenos imbricam-se em jaez paradoxal, ora ordinário por seus misteres, ora incomum pela tônica de suas deprecações. Enfim, essa é uma tribo ou clã de sonhadores incorrigíveis, lamentavelmente.
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