ENSAIO UM:
Via de regra, a mente de uma criança não logra entender a de um adulto. Compete a este, pois, “abaixar-se” ao nível de compreensão do infante (muitas vezes, lançando mão de recursos linguísticos, tais como alegorias, metáforas, reducionismos, etc.). Com a humanidade (em tempos muito remotos, é bom frisar-se) e Deus não foi diferente.
Ao longo da Bíblia, houve uma série de acomodações (ou adaptações cognitivas, cujo zênite se revela no advento da encarnação do próprio Deus Filho, entre os homens. Ainda assim, com emprego ocasional de parábolas em seus ensinamentos).
Após milênios, talvez estejamos mais bem preparados para avaliarmos outras informações, implícitas ou decorrentes dos fundamentos e ideias basilares das Sagradas Escrituras. Um exemplo de provável subsídio, ao avanço no estudo bíblico, esteja no escrutínio comparativo das descobertas científicas e produções literárias. Nessa esteira, cito a noética dos inspirados e o evolucionismo teísta, segundo o qual Gênesis e a teoria evolucionista são compatíveis (a Palavra de Deus emprega, amiúde, figuras de linguagem como o simbolismo e a conotação).
Particularmente, suspeito que existem muitas passagens do Antigo Testamento que são prodigiosas no emprego de acomodações restritas ou ainda reticentes.
Contudo, devemos ter o cuidado da “analogia fidei”, i.e., o princípio exegético de que textos mais claros das Escrituras devem orientar o curso hermenêutico daqueles mais obscuros.
ENSAIO DOIS:
Nos tempos recentes, a fé cristã encontra grande entrave na filigrana do “assensus”, i.e., na aceitação conceitual das massas sobre as afirmações bíblicas. Todavia, até mesmo “os demônios crêem” (Tiago 2.19), mas não exercitam a fé salvadora em Jesus Cristo. Envolta a discursos democráticos, politicamente corretos em uma busca das pluralidades ideológicas, a fé persistente em um só Redentor, o Messias, cede terreno a um cadinho multicultural, ora panteísta, ora sincrético.
Por conseguinte, muitos acreditam no amor de Jesus Cristo. Poucos o seguem, em espírito e em verdade, guardando os seus mandamentos (João 14:15). Intransigentemente.
ENSAIO TRÊS:
Algumas variações interpretativas foram alçadas – de modo precipitado, senão temerário – a cânones, tais como a assunção de Maria, a concomitância eucarística e a transubstanciação (dogmas da igreja católica). A despeito das celeumas (e de que a fé não dispensa o emprego da razão), evidencia-se um mister premente do ecumenismo, i.e., a tentativa de cooperação mundial entre as unidades que confessam Jesus Cristo como Senhor, por meio das raízes em comum.
ENSAIO QUATRO:
Por ora, aceito os conceitos da transcendência e da imanência de Deus, i.e., sua distinção dentre as criações do Universo, embora esteja intimamente interessado nelas.
Nesse contexto, é intrínseca a tendência humana ao pecado. O corpo é finito, enquanto que a mente é intermediária entre espírito latente e o organismo corrompido.
Acerca da iconoclastia, sou favorável à supressão do uso de imagens como auxílio (?) ao culto de Deus. Os motivos sobejam, desde o Antigo Testamento. Não pode o cristão prestar veneração a um santo, nem tampouco elegê-lo seu intermediário ao Pai, usurpando o papel exclusivo de Jesus Cristo.
Recepciono a teologia apofática, segundo a qual, pelo fato de Deus estar além do entendimento racional, o indivíduo somente poderá conhecê-lo como uma visão de luz interior, a epifania dos inspirados em Cristo.
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