"NINGUÉM ESTÁ LIVRE DOS DEVANEIOS DE SUA ARTE,
OU DA CHINELADA DA LUCIDEZ ALHEIA." Cleberton O. Garmatz

"Estranhos dias os que vivemos, em que para se destacar em uma área, as pessoas se tornam imbecis nas demais." Cleberton
(Ai dos meus pares, que continuam medíocres em 100% delas...)
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domingo, 26 de maio de 2013

NOSSO DEUS – sinopse de uma visão sobre o Infinito



     Os registros bíblicos, que compõem a Palavra de Deus para a humanidade, são um extrato interativo entre o Criador e suas diminutas, ínfimas –e a um só tempo valiosas- microcriaturas. Ciente da precariedade dos nossos recursos, a Origem usou de adaptações linguísticas para se fazer parcialmente compreendida. Algo parecido com o que empregamos quando conversamos com as crianças.   Por conseguinte, as Sagradas Escrituras não são rigorosamente perfeitas, uma vez que contaram com a participação de pessoas em sua confecção; não obstante, revelam-se como segura orientação de vida (em sua exegese holística).
     Ao longo da História, Deus se comunica com um povo, para que esse passe a guardar e a transmitir sua mensagem. Cada integrante, desse longo processo, usou de suas características pessoais e culturais para transcrever o conteúdo recebido (rectius, a inspiração foi divina, a escrita foi humana).

     Em um sentido moral-axiológico,  "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (1 João 1:5), entrementes, na cosmogonia dedutiva ora considerada, postulo a apresentação de uma energia mater pré-conceitual. Em tal abstração, as silhuetas humanamente perceptíveis de Deus são formatadas, por indício cosmológico, como um modelo que lembra a energia escura (anterior à luz), cujo potencial derivativo possibilita a evolução das demais coisas.
     Portanto, em sua constituição ampla, o Criador não se assemelha com suas criaturas. Sua vastidão não pode ser restringida a uma figura antropomórfica. Em minha epifania, Deus não é um senhor de barba hirsuta e longas cãs, mas uma justaposição infinita de energia (o seu “corpo”, quando não representado por uma ideia, cabível no microentendimento terreno).
   Ressalvo, premido pela veracidade de sua Palavra, que Deus não pode ser assimilado como uma convergência panteísta, mas talvez – e repiso o “talvez” – admita uma contemplação supranatural, próxima a um “hiperpanteísmo”: na medida em que todas as coisas geradas não podem estar fora do alcance precípuo da Origem, esse espaço-tempo multidimensional tudo contém, todavia, preservando algo mais, i.e., uma “personalidade” própria (indecifrável e, paradoxalmente, comunicável na extensa e intricada rede de suas derivações).
“E disse Deus: Haja luz; e houve luz.” (Gênesis 1:3)
 Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz (...)” (2Coríntios 4:6)
“A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz.”  (Salmos 139:12)
 "Eu formo a luz e crio as trevas”  (Isaías 45:7)
     Vislumbro, com efeito, um universo em que nada, nenhum ser possa se ufanar por uma autoexistência ou uma independência absoluta de Deus (a despeito da aparente “neutralidade” divina). A queda de Lúcifer e seu séquito ocorreu por essa discrepância rebelde. Assim, até mesmo a oposição não pode subsistir sem um legado do Altíssimo (o qual, por sua natureza inescrutável, demonstra uma paciência altruísta e digna, majestosamente respeitosa até mesmo para com aqueles que utilizam uma concedida liberdade para fins prejudiciais). Vale lembrar, nesse contexto, que ninguém é obrigado a participar do reino celeste...

Como interpreto a Santíssima Triunidade
      Jesus Cristo figura a presença de Deus encarnado, como mensageiro e tradutor da natureza divina. Além de propiciar a graça expiatória (vicariante), seu papel de Filho inculca a guinada de paradigma secular, qual seja, a de servo – epônimo de obediência, humildade e poder altruísta – que projeta liderança; sua revolucionária autoridade dócil provém da excelência de caráter (perfeição de conduta, santidade, mansidão, empatia, sabedoria, etc.)
     Enquanto que o Espírito Santo personifica o elo permanente entre o Alto insondável (Deus, o Pai) e a criação.  Logo, trata-se de uma Entidade que interage por três aspectos “físicos” ou identificáveis, simultaneamente.  (Nessa ocasião sim, encontro certa similitude para com as suas criaturas humanas, dotadas de corpo, alma –ou mente- e espírito, cuja sinergia de características concomitantes torna-se mais evidente.)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ponderações Xexelianas ao Volante



              Vez em quando nos pegamos dobrando as esquinas da vida... Está bem, se é para ser um daqueles trololós existenciais, tentarei ser breve, pelo menos.  Mas dando prosseguimento ao relincho, cá estou chafurdando nas razões do caminho. É quando paramos para confirmar se os instrumentos conferem com a rota desejada, ou mais, se afinal as coisas fazem algum sentido real do jeito como andam... A noção do tempo nos engana; parecia não passar nunca quando desejávamos crescer e ter alguma autonomia. E escorre tão inexorável, quando enfim conseguimos algum espaço neste mundinho confuso. (No começo da jornada, não temos bússula ou mapa, não sabemos se é dia ou noite – apenas que devemos partir. Não temos instruções, mas uma ingente disposição; bolso vazio, às vezes a cabeça também é oca.)
          Hoje, quando reconheço – com alguma serenidade -  o itinerário dos anos, tento amainar as cobranças, olhos bucólicos deslizam nas pradarias deste outono (silentes e tranquilas, como almejo me tornar) e me resigno com alguns fatos naturais.  Sempre haverá pessoas mais prósperas para confrontar a minha incompetência. Isso não me qualifica como palerma (espero). A poeira da estrada também ensina que há muita gente boa que está mais esgualepada.  Portanto, de modo nenhum poderia eu reclamar.  Tive potencial para ser grande? Se não aproveitei, não caberá agora a frustração.  Ainda há alguns quilômetros para percorrer, tombos para levar e, com sorte, algumas risadas me aguardam. 
            Lamentável, mesmo,  talvez seja o meu longo período de adestramento, para um dia usufruir dos benefícios de um “macete dos gurus”: minhas emoções são pouco confiáveis.  As pessoas não são responsáveis pelos meus sentimentos.  O mundo não pode me fazer feliz ou infeliz. Somente eu – e mais ninguém – posso decidir o que fazer com os acontecimentos ao meu redor.  (Acho que Sartre disse algo parecido. Se bem que ele também teria dito que “o inferno são os outros.” Bah, e talvez seja, mas deixa pra lá, fica para uma próxima, outro link, parceiro.)
            Seja como for, entre as pressões externas, de convenções sociais e influências culturais, e aquele pequeno lampejo em que posso descobrir algo original de minha própria personalidade, ora depuro esse insight  digressivo (mas que suspeito conter algo de universal).  Sem GPS.