Às vezes, momentos perdidos como o de agora.
Perco-me extasiado nas sutilezas, saraus inexistentes, transe onírico.
Céu anil, campo ermo. Intuição que expande.
Maravilho-me com tudo, algo subentendido, imerso na natureza, no silêncio.
O vento afaga. O fim não assusta. É recomeço!
- "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." (Provérbios 4:18)
NÃO VOS ENGANEIS: NEM TODOS OS CAMINHOS LEVAM A ROMA
( Da série “política e religião se discutem, sim senhor”...)
Antes de 2012 se despedir, completará 100 anos a primeira publicação de “As Formas Elementares da Vida Religiosa”, obra-referência do sociólogo francês Émile Durkheim. Na ocasião, causa espécie sua propalada assertiva de que “todas as religiões são verdadeiras.” A despeito das celeumas provenientes dessa expressão (científica?), coube-me o encontro parcial. Ou a divergência fundamental, decida o leitor (em situação similar ao jogo de palavras, contido na semântica de “quem fala uma meia-verdade diz uma mentira inteira”).
Afinal, mesmo por um pragmatismo dialético, podemos assumir como válidas todas as religiões, quando tão somente as consideramos uma manifestação social, de natureza interativa na evolução de diversas culturas. Contudo, se as cotejarmos em seus efeitos, facilmente verificamos que existem aquelas de resultados benéficos e outras prejudiciais (por amplos fatores, v.g., como o da saúde).
Avante, a inconsistência da pluralidade sobeja, realmente, quando esse panteísmo - tão em voga nos ares sofistas do politicamente correto - esbarra na possibilidade do cristianismo. A qual pode ser explicada, em parcimônia de linhas, nesta sucessão de eventos: uma força estranha ao conhecimento humano – Deus - gerou o universo. A humanidade tentou, por séculos, elaborar sistemas – religiões - para compreensão e/ou conectividade com essa matriz sobrenatural. Vez em quando, houve indícios de sua intervenção explícita ou até mesmo de sua apresentação (teofania e epifania, respectivamente). Entrementes, como ficariam as religiões no mundo se Deus tivesse se revelado, inequivocamente, para as suas criaturas? Se fosse descida uma escada, entre céus e a Terra? Pois essa é a anunciação cristã. Somente no cristianismo, historicamente, ocorreu um protagonista a se intitular Deus entre os homens (“Emanuel”), corroborado pelos testemunhos de multidões, inclusive judeus e romanos (culturas de difícil persuasão, nesse sentido). Fato que se demonstrou comprovável até mesmo pela posteridade, por acordância e experimentação (fé) de milhares de pessoas.
Isso torna Jesus Cristo um evento absoluto e dicotômico, porquanto ou trata-se de um louco bem intencionado (ainda assim, um mentiroso) ou, de fato, Deus se revelou para a sua criação, unívoca e peremptoriamente. Portanto, se sua mensagem - explícita e universal - é verdadeira, não há como conciliar o paganismo de falsas deidades e devoções de conveniência. MATEUS 7: 14
Da série "Publica aí que eu assino embaixo!"...
POUCOS AMIGOS
J.R. Guzzo
Da série "Publica aí que eu assino embaixo!"...
POUCOS AMIGOS
J.R. Guzzo
Numa
dessas anotações que certamente contribuíram para lhe dar a reputação
de grande fotógrafo da existência humana em sua época, Stendhal observou
que a Igreja Católica aprendeu bem depressa que o seu pior inimigo eram
os livros. Não os reis, as guerras religiosas ou a competição com
outras religiões; isso tudo podia atrapalhar, claro, mas o que realmente
criava problemas sérios eram os livros. Neles as pessoas ficavam
sabendo de coisas que não sabiam, porque os padres não lhes contavam, e
descobriam que podiam pensar por conta própria, em vez de aceitar que os
padres pensassem por elas. Abria-se para os indivíduos, nesse mesmo
movimento, a possibilidade de discordar. Para quem manda, não pode haver
coisa pior – como ficou comprovado no caso da Igreja, que foi perdendo
sua força material sobre países e povos, e no caso de rodas as
ditaduras, de ontem, de hoje e de amanhã. Stendhal estava falando, na
sua França de 200 anos atrás, de algo que viria a evoluir, crescer e
acabar recebendo o nome de “opinião pública”. Os livros, ou, mais
exatamente, a possibilidade de reproduzir de forma ilimitada palavras e
ideias foram a sua pedra fundamental.
A
leitura de livros, ou de qualquer coisa escrita, não parece estar num
bom momento no Brasil de hoje; a opinião pública também não. Vive-se uma
época em que a cada três meses é anunciada alguma “revolução” nisso ou
naquilo, depois da qual o mundo nunca mais “será o mesmo” de antes.
Quando tais portentos envolvem áreas ligadas à comunicação, sempre se
insiste, de um jeito ou de outro, em prever que a leitura está a caminho
de se transformar num hábito do passado. Cada vez mais, no dia a dia,
sua valorização posta de lado – ou “relativizada”, como se diz. É comum,
por exemplo, ouvir declarações lamentando que árvores sejam cortadas
para produzir papel destinado à impressão; a única forma aceitável de
leitura, para muita gente boa, deveria ser a tela de algum artefato
digital. Empresas de grande renome não consideram uma virtude, no
julgamento de seus executivos, o gosto pela leitura, a não ser que se
trate de publicações profissionais. Não passa pela cabeça de nenhum
recrutador perguntar a um candidato a emprego o que ele está lendo, por
mais alto e bem pago que seja o posto a ser preenchido. É claramente
desaconselhável ao funcionário, no ambiente de trabalho, deixar sobre a
mesa qualquer livro que não seja diretamente ligado à sua atividade.
Arrisca-se, caso contrário, a ser interrogado pelo chefe: “Por que você
está lendo isso?”. Nas novelas de televisão, que continuam sendo o
principal entretenimento para milhões de brasileiros, jamais se vê um
personagem lendo um livro. Discute-se com muito calor, no momento,
quantos beijos entre pessoas do mesmo sexo podem ser dados num capítulo,
ou se um casal gay pode aparecer tomando o café da manhã na cama;
prega-se, ao longo da trama, todo tipo de causa, da defesa das geleiras à
política de cotas raciais, da preservação dos mangues à condenação da
gordura trans. O que não aparece, de jeito nenhum, é alguém lendo alguma
coisa. O ato de ler também está banido da publicidade de consumo; há
uma clara preferência, aí, por algo que se parece muito com um culto
intensivo à boçalidade. Da atitude geral do governo diante da leitura,
então, é melhor nem falar; registre-se, em todo caso, sua profunda
satisfação em anunciar, sempre que é incomodado pelo noticiário de
escândalos publicado na imprensa, que “o brasileiro não lê nada”.
Naturalmente,
ninguém se coloca hoje como inimigo dos livros; mas é certo que muitos
se beneficiam com o fato de que a leitura, nestes dias, tem poucos
amigos na praça. Quanto menos se lê, menos ideias são mantidas em
circulação. Quanto menos ideias, menos espaço sobra para a discordância,
a procura de alternativas e a fiscalização dos atos do governo. O
resultado, na prática, é uma indiferença generalizada em relação ao
comportamento de quem governa. Não há muito a fazer quanto a isso. A
opinião pública não tem nenhuma obrigação de pensar assim ou assado,
muito menos de estar “certa” – ela é o que é, e parece perfeitamente
inútil esperar que sinta o que não sente, ou que queira o que não quer.
Essas realidades, entretanto, têm o seu preço. No caso do Brasil atual, o
desinteresse pelo que acontece na vida pública é pago com a
multiplicação, em ritmo cada vez mais rápido, de todo tipo de parasitas
dedicados a prosperar com o dinheiro do Erário. É certo que eles não
irão embora por sua livre e espontânea vontade.
”Parada gay, cabra e espinafre”, por J.R. Guzzo.
Já
deveria ter ficado para trás no Brasil a época em que ser homossexual
era um problema. Não é mais o problema que era. com certeza, mas a
verdade é que todo o esforço feito há anos para reduzir o
homossexualismo a sua verdadeira natureza – uma questão estritamente
pessoal – não vem tendo o sucesso esperado. Na vida política, e só para
ficar num caso recente, a rejeição ao homossexualismo pela maioria do
eleitorado continua sendo considerada um valor decisivo nas campanhas
eleitorais. Ainda agora, na eleição municipal de São Paulo, houve muito
ruído em torno do infeliz “kit gay” que o Ministério da Educação
inventou e logo desinventou, tempos atrás, para sugerir aos estudantes
que a atração afetiva por pessoas do mesmo sexo é a coisa mais natural
do mundo. Não deu certo, no caso, porque o ex-ministro Fernando Haddad, o
homem associado ao “kit”, acabou ganhando – assim como não tinha dado
certo na eleição * anterior, quando a candidata Marta Suplicy
(curiosamente, uma das campeãs da “causa gay” no país) fez insinuações
agressivas quanto à masculinidade do seu adversário Gilberto Kassab e
foi derrotada por ele. Mas aí é que está: apesar de sua aparente
ineficácia como caça-votos, dizer que alguém é gay, ou apenas pró-gay.
ainda é uma “acusação”. Pode equivaler a um insulto grave – e provocar
uma denúncia por injúria, crime previsto no artigo 140 do Código Penal
Brasileiro. Nos cultos religiosos, o homossexualismo continua sendo
denunciado como infração gravíssima. Para a maioria das famílias
brasileiras, ter filhos ou filhas gay é um desastre – não do tamanho que
já foi, mas um drama do mesmo jeito.
Por
que o empenho para eliminar a antipatia social em torno do
homossexualismo rateia tanto assim? O mais provável é que esteja sendo
aplicada aqui a Lei das Consequências Indesejadas, segundo a qual ações
feitas em busca de um determinado objetivo podem produzir resultados que
ninguém queria obter, nem imaginava que pudessem ser obtidos. É a velha
história do Projeto Apollo. Foi feito para levar o homem à Lua; acabou
levando à descoberta da frigideira Tefal. A Lei das Consequências
Indesejadas pode ser do bem ou do mal. É do bem quando os tais
resultados que ninguém esperava são coisas boas. como aconteceu no
Projeto Apollo: o objetivo de colocar o homem na Lua foi alcançado – e
ainda rendeu uma bela frigideira, além de conduzir a um monte de outras
invenções provavelmente mais úteis que a própria viagem até lá. É do mal
quando os efeitos não previstos são o contrário daquilo que se
pretendia obter. No caso das atuais cruzadas em favor do estilo de vida
gay, parece estar acontecendo mais o mal do que o bem. Em vez de gerar a
paz, todo esse movimento ajuda a manter viva a animosidade: divide,
quando deveria unir. O kit gay, por exemplo, pretendia ser um convite à
harmonia – mas acabou ficando com toda a cara de ser um incentivo ao
homossexualismo, e só gerou reprovação. O fato é que, de tanto
insistirem que os homossexuais devem ser tratados como uma categoria
diferente de cidadãos, merecedora de mais e mais direitos, ou como uma
espécie ameaçada, a ser protegida por uma coleção cada vez maior de
leis. os patronos da causa gay tropeçam frequentemente na lógica- e se
afastam, com isso. do seu objetivo central.
O
primeiro problema sério quando se fala em “comunidade gay”é que a
“comunidade gay” não existe – e também não existem, em consequência, o
“movimento gay” ou suas “lideranças”. Como o restante da humanidade, os
homossexuais, antes de qualquer outra coisa, são indivíduos. Têm
opiniões, valores e personalidades diferentes. Adotam posições opostas
em política, religião ou questões éticas. Votam em candidatos que se
opõem. Podem ser a favor ou contra a pena de morte, as pesquisas com
células-tronco ou a legalização do suicídio assistido. Aprovam ou
desaprovam greves, o voto obrigatório ou o novo Código Florestal – e por
aí se vai. Então por que, sendo tão distintos entre si próprios,
deveriam ser tratados como um bloco só? Na verdade, a única coisa que
têm em comum são suas preferências sexuais – mas isso não é suficiente
para transformá-los num conjunto isolado na sociedade, da mesma forma
como não vem ao caso falar em “comunidade heterossexual” para agrupar os
indivíduos que preferem se unir a pessoas do sexo oposto. A tendência a
olharem para si mesmos como uma classe à parte, na verdade, vai na
direção exatamente contrária à sua principal aspiração – a de serem
cidadãos idênticos a todos os demais.
Outra
tentativa de considerar os gays como um grupo de pessoas especiais é a
postura de seus porta-vozes quanto ao problema da violência. Imaginam-se
mais vitimados pelo crime do que o resto da população; já se ouviu
falar em “holocausto” para descrever a sua situação. Pelos últimos
números disponíveis, entre 250 e 300 homossexuais foram assassinados em
2010 no Brasil. Mas. num país onde se cometem 50 000 homicídios por ano,
parece claro que o problema não é a violência contra os gays; é a
violência contra todos. Os homossexuais são vítimas de arrastões em
prédios de apartamentos, sofrem sequestros-relâmpago, são assaltados nas
ruas e podem ser monos com um tiro na cabeça se fizerem o gesto errado
na hora do assalto – exatamente como ocorre a cada dia com os
heterossexuais; o drama real, para todos, está no fato de viverem no
Brasil. E as agressões gratuitas praticadas contra gays? Não há o menor
sinal de que a imensa maioria da população aprove, e muito menos cometa,
esses crimes; são fruto exclusivo da ação de delinquentes, não da
sociedade brasileira.
Não
há proveito algum para os homossexuais, igualmente, na facilidade cada
vez maior com que se utiliza a palavra “homofobia”; em vez de significar
apenas a raiva maligna diante do homossexualismo, como deveria, passou a
designar com frequência tudo o que não agrada a entidades ou militantes
da “causa gay”. Ainda no mês de junho, na última Parada Gay de São
Paulo, os organizadores disseram que “4 milhões” de pessoas tinham
participado da marcha – já o instituto de pesquisas Datafolha,
utilizando técnicas específicas para esse tipo de medição, apurou que o
comparecimento real foi de 270000 manifestantes, e que apenas 65000
fizeram o percurso do começo ao fim. A Folha de S.Paulo, que publicou a
informação, foi chamada de “homofóbica”. Alegou-se que o número
verdadeiro não poderia ter sido divulgado, para não “estimular o
preconceito”- mas com isso só se estimula a mentira. Qualquer artigo na
imprensa que critique o homossexualismo é considerado “homofóbico”;
insiste-se que sua publicação não deve ser protegida pela liberdade de
expressão, pois “pregar o ódio é crime”. Mas se alguém diz que não gosta
de gays, ou algo parecido, não está praticando crime algum – a lei.
afinal, não obriga nenhum cidadão a gostar de homossexuais, ou de
espinafre, ou de seja lá o que for. Na verdade, não obriga ninguém a
gostar de ninguém; apenas exige que todos respeitem os direitos de
todos.
Há
mais prejuízo que lucro, também, nas campanhas contra preconceitos
imaginários e por direitos duvidosos. Homossexuais se consideram
discriminados, por exemplo, por não poder doar sangue. Mas a doação de
sangue não é um direito ilimitado – também são proibidas de doar pessoas
com mais de 65 anos ou que tenham uma história clínica de diabetes,
hepatite ou cardiopatias. O mesmo acontece em relação ao casamento, um
direito que tem limites muito claros. O primeiro deles é que o
casamento, por lei, é a união entre um homem e uma mulher; não pode ser
outra coisa. Pessoas do mesmo sexo podem viver livremente como casais,
pelo tempo e nas condições que quiserem. Podem apresentar-se na
sociedade como casados, celebrar bodas em público e manter uma vida
matrimonial. Mas a sua ligação não é um casamento – não gera filhos, nem
uma família, nem laços de parentesco. Há outros limites, bem óbvios. Um
homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo; pode até ter
uma relação estável com ela, mas não pode se casar. Não pode se casar
com a própria mãe, ou com uma irmã, filha, ou neta, e vice-versa. Não
poder se casar com uma menor de 16 anos sem autorização dos pais. e se
fizer sexo com uma menor de 14 anos estará cometendo um crime. Ninguém,
nem os gays, acha que qualquer proibição dessas é um preconceito. Que
discriminação haveria contra eles, então, se o casamento tem restrições
para todos? Argumenta-se que o casamento gay serviria para garantir
direitos de herança – mas não parece claro como poderiam ser criadas
garantias que já existem. Homossexuais podem perfeitamente doar em
testamento 50% dos seus bens a quem quiserem. Tem de respeitar a
“legítima”", que assegura a outra metade aos herdeiros naturais – mas
essa obrigação é exatamente a mesma para qualquer cidadão brasileiro. Se
não tiverem herdeiros protegidos pela “legítima”, poderão doar
livremente 100% de seu patrimônio – ao parceiro, à Santa Casa de
Misericórdia ou à Igreja do Evangelho Quadrangular. E daí?
A
mais nociva de todas essas exigências, porém, é o esforço para
transformar a “homofobia” em crime, conforme se discute atualmente no
Congresso. Não há um único delito contra homossexuais que já não seja
punido pela legislação penal existente hoje no Brasil. Como a invenção
de um novo crime poderia aumentar a segurança dos gays, num país onde
90% dos homicídios nem sequer chegam a ser julgados? A “criminalização
da homofobia”é uma postura primitiva do ponto de vista jurídico,
aleijada na lógica e impossível de ser executada na prática. Um crime,
antes de mais nada. tem de ser “tipificado” – ou seja, tem de ser
descrito de forma absolutamente clara. Não existe “mais ou menos” no
direito penal; ou se diz precisamente o que é um crime, ou não há crime.
O artigo 121 do Código Penal, para citar um caso clássico, diz o que é
um homicídio: “Matar alguém”. Como seria possível fazer algo parecido
com a homofobia? Os principais defensores da “criminalização” já
admitiram, por sinal, que pregar contra o homossexualismo nas igrejas
não seria crime, para não baterem de frente com o princípio da liberdade
religiosa. Dizem, apenas, que o delito estaria na promoção do “ódio”.
Mas o que seria essa “”promoção”? E como descrever em lei, claramente,
um sentimento como o ódio?
Os
gays já percorreram um imenso caminho para se libertar da selvageria
com que foram tratados durante séculos e obter, enfim, os mesmos
direitos dos demais cidadãos. Na iluminadíssima Inglaterra de 1895, o
escritor Oscar Wilde purgou dois anos de trabalhos forçados por ser
homossexual; sua vida e sua carreira foram destruídas. Na França de
1963, o cantor e compositor Charles Trenet foi condenado a um ano de
prisão, pelo mesmo motivo. Nada lhe valeu ser um dos maiores nomes da
música popular francesa, autor de mais de 1 000 canções, muitas delas
obras imortais como Douce France – uma espécie de segundo hino nacional
de seu país. Wilde, Trenet e tantos outros foram homens de sorte –
antes, na Europa do Renascimento, da cultura e da civilização,
homossexuais iam direto para as fogueiras da Santa Madre Igreja. Essas
barbaridades não foram eliminadas com paradas gay ou projetos de lei
contra a homofobia, e sim pelo avanço natural das sociedades no caminho
da liberdade. É por conta desse progresso que os homossexuais não
precisam mais levar uma vida de terror, escondendo sua identidade para
conseguir trabalho, prover o seu sustento e escapar às formas mais
brutais de chantagem, discriminação e agressão. É por isso que se tomou
possível aos gays, no Brasil e no mundo de hoje, realizar o que para
muitos é a maior e mais legítima ambição: a de serem julgados por seus
méritos individuais, seja qual for a atividade que exerçam, e não por
suas opções em matéria de sexo.
Perder o essencial de vista, e iludir-se com o secundário, raramente é uma boa ideia.